Biblioteca do Colégio Santa Maria trabalha em várias frentes e amplia o debate sobre fome, generosidade e amor ao próximo.
Autoria: Cleuda Almeida e Vitória Andrade – Biblioteca Pe. Moreau
Anualmente, o Colégio Santa Maria trabalha o tema da Campanha da Fraternidade com o propósito de despertar na comunidade escolar empatia e generosidade para com o próximo, valorizando assim, o olhar atento aos assuntos que afetam a sociedade brasileira, principalmente no que diz respeito à população mais pobre.
Este ano, a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) selecionou o problema da fome como tópico central a ser trabalhado pela Igreja Católica, considerando que essa é uma questão emergencial, já que quem tem fome não pode esperar. Aliado a esse trabalho realizado em sala de aula para todos os níveis de educação do Colégio, a Biblioteca Pe. Moreau trouxe o debate para as aulas literárias de Biblioteca.
A proposta das aulas de Biblioteca, tanto para as turmas do Fundamental I do ensino regular quanto para a Educação de Jovens e Adultos (EJA), tem como objetivo ampliar o repertório cultural dos estudantes e diversificar os ambientes de aprendizado, construindo possibilidades de diálogo com diferentes perspectivas.
A equipe da biblioteca compreende a importância da literatura para essa mediação e, com isso, estimula o compartilhamento das narrativas, considerando e respeitando as particularidades de cada um. É por essa razão que este espaço literário tem se tornado um lugar de acolhimento que permite ao aluno falar, ouvir, refletir e debater diversas questões contidas nas histórias que, muitas vezes, estão diretamente ligadas às suas vivências.
Para trazer à discussão o tema da Campanha da Fraternidade deste ano, o livro “A Cor da Fome”, de Jonas Ribeiro, foi encenado para as turmas do Fundamental I da EJA e, após a dramatização, foram lidos alguns trechos do livro “Quarto de despejo: Diário de uma favelada”, de Carolina Maria de Jesus, a fim de estabelecer intertextualidade entre narrativa de ficção e autobiografia.
Após a contação, abrimos um espaço para relatos dos alunos. Todos, sem exceção, disseram se enxergar naquele texto como se suas próprias histórias estivessem sendo contadas. Isso aconteceu porque, além da questão da fome, o livro adotado para esta dinâmica aborda questões sociais, como imigração, dificuldade financeira, e busca por melhores condições de vida e de trabalho.
Toda a problemática social foi debatida de forma tão impactante que surgiu a ideia de registrar em vídeo os depoimentos, de acordo com a vontade de cada aluno. Eles não só relataram suas experiências com a fome, as ruas, o frio e tantas outras adversidades enfrentadas, mas também fizeram questão de contar as conquistas que os levaram a superação, sobretudo por meio da educação. Uma oportunidade valiosa oferecida pelo Santa Maria àqueles que não puderam estudar na idade adequada.
Após o trabalho feito com a EJA, a mesma história, de autoria de Jonas Ribeiro, foi encenada para as turmas do 3º ano do Fundamental do ensino regular. Dessa vez, além de debater sobre a fome e outros temas abordados no livro, foram exibidos os vídeos com as narrativas de vida dos alunos, previamente separados pela equipe, para cada turma.
Durante a reflexão, as crianças compartilharam algumas de suas experiências, descrevendo situações em que viram seus pais ajudarem pessoas necessitadas, além de relatarem sobre quantas vezes veem o desperdício de comida, até mesmo no ambiente escolar. Quanto aos depoimentos dos estudantes da EJA, as crianças se mostraram sensibilizadas e, até surpresas ao saber que existem duas realidades tão diferentes convivendo no mesmo espaço.
Para conclusão desse trabalho interativo, os alunos foram convidados a escrever recados, nos quais pudessem demonstrar todo o carinho e empatia por cada pessoa que, com exemplos de força e dedicação, deixaram para eles uma lição de vida.
Trazemos neste vídeo dois depoimentos que motivaram as cartinhas escritas pelas crianças. Aperte o play e veja um pouca da história de Elisângela, de Pernambuco, e Anacleide, do Piauí. Duas alunas guerreiras da EJA!