Trabalho na Educação Infantil busca enaltecer respeito e compreensão da singularidade de cada criança para que as interações coletivas sejam permeadas pelo mesmo espírito.
Autoria: Gabriela Kraft Herane, professora do Pré B, da Educação Infantil do Colégio Santa Maria.
“Com o tempo toda cor ficaria curiosa para ver que cor surgiria, misturando-se com outra…
Como um lindo caleidoscópio, muitas cores, a cirandar, ocupariam o seu posto naquele novo rodar.
E nesta ciranda infinita de cores, união e aconchego, uma vida mais bonita se faria com sossego” – Roberto Caldas, Domínio das Cores
União e aconchego, eu comigo, eu com você. Assim trazemos a ideia da constituição de grupo na Educação Infantil do Santa Maria. Primeiramente, essa criança com ela mesma, seus sentimentos, sua singularidade, sua subjetividade e suas emoções. Eu com você, esse outro ser diverso, plural, de relações afetivas e de conflitos.
O “nós” nasce dessas interações, das trocas, das vivências, do despertar da consciência moral. Uma turma que se forma vivendo o bem-estar individual, coletivo e se enriquece na experiência com seus pares; vivências de atravessamento que inspira aprendizagens de valores, sentimentos e de um ser socioemocional, afetivo e cognitivo. Processo que demanda investimento e cuidado, envolve se perceber (pouco a pouco), construir autoimagem, autoconfiança e autoestima.
Reflexão lúdica
Sem dúvida, a escola é um ambiente repleto de possibilidades, que promove o reconhecimento das diversidades, compreendendo-as e respeitando-as, acolhendo particularidades e contribuindo para a construção da coletividade.
A música e a literatura infantil são bons caminhos, pois histórias como Ninguém gosta de mim, de Raoul Krischanitz; A zebrinha preocupada, de Lúcia Reis; Pedro e Tina, de Stephen Michael King, e a canção Normal é ser diferente, de Jair Oliveira, inspiram as crianças de cinco anos a pensarem:
“Eu tenho cabelo enrolado e preto e o cabelo da Júlia é só um pouquinho enrolado e é mais claro!” – Gabriela
“Eu sou mais baixinho, mas também tenho 5 anos” – Gael
“Idade não tem nada a ver, às vezes uma pessoa mais nova é mais alta que uma pessoa mais velha” – Helena
“Todo mundo é diferente!” – Júlia
Fazem parte do processo momentos de reflexão, estranhamento, amorosidade, entendimento que “somos iguais porque somos diferentes” e temos nossas potencialidades. Retomadas são necessárias, afinal, conviver em grupo e sentir-se parte dele, certamente, não é uma tarefa fácil.
Cada um de nós tem a sua história, seu jeito de pensar, ser e agir. Mas, quando estamos em grupo, a minha história e o meu jeito se unem à história e ao jeito do outro. Nessa interação, aprendemos a perceber e a respeitar o outro em suas diferenças, peculiaridades e particularidades. Somos como as cores: únicas, mas ao mesmo tempo, parte de uma ciranda infinita da qual surgem novas e lindas cores!