Atividade Física, Ensino Médio

A prática de atividade física na adolescência precisa ser revista

Professor do Ensino Médio traz uma importante reflexão e um alerta sobre os benefícios da atividade física, mesmo com a agenda apertada por conta das demandas de estudo; “dar tempo” para o corpo só favorece o desempenho na escola

Autoria: Adão Aducham Sandes Gomes – Professor de Educação Física (Oficina de Corpo e Movimento) e de Laboratório de Esportes do Ensino Médio

Sabemos que a prática de atividade física traz inúmeros benefícios à saúde física e mental. É contraditório, mas constatamos no cotidiano do Ensino Médio do Santa Maria que, quanto mais as/os estudantes avançam nas séries para terminar a educação básica, deixam de realizar atividades físicas. O argumento costuma ser o mesmo: a agenda cheia de compromissos com os estudos e a consequente falta de tempo.

Sim, o tempo urge e as demandas com conteúdo são muitas e sempre há algum assunto que precisa ser melhor estudado. Temos que ter metas a curto, médio e longo prazo. Essa é a realidade que se apresenta. A pressão pode vir de muitos lados, inclusive, do próprio estudante que, mesmo fazendo parte de uma família que não faz tantas cobranças, os jovens se cobram. Desta forma, o argumento de que algumas coisas devem ser deixadas de lado, é quase irrefutável.

Mesmo sendo sensível a este contexto e aos argumentos, creio que cabem as seguintes perguntas:  será mesmo que o percurso para se alcançar os objetivos ao término da educação básica precisa ser assim? Será mesmo que este é o melhor caminho?

A resposta a essas perguntas é de ordem particular e a realidade de cada um deve ser considerada, mas como alguém que trabalha como professor no Ensino Médio há bastante tempo e que já acompanhou a formação de muitas turmas, compartilho que esse não é o melhor caminho para percorrer essa etapa da vida, sobretudo, no que diz respeito à atividade física.

Quando ouço de estudantes que deixaram de jogar, de se movimentar de alguma forma porque estão sem tempo, dormindo pouco e se alimentando mal, penso: “poxa, mas ela/ele está estudando tanto, com dedicação e método, e não se conscientizou que faz parte dos estudos ter boa qualidade de sono, ter alimentação rica em nutrientes (evitar ao máximo os alimentos ultraprocessados) e praticar exercícios físicos? Está estudando tantos conteúdos complexos e não assimilou e incorporou procedimentos básicos!?”

Então, de forma cuidadosa, falo: “é bom incluir tempo para o movimento corporal em sua agenda, no mínimo duas vezes por semana; seria ótimo se fosse quatro, pois isso vai fazer você liberar hormônios como endorfina, serotonina, dopamina, adrenalina… E se você optar por jogar alguma modalidade coletiva, melhor ainda, pois neste caso, além da liberação  de hormônios, ocorrerá a interação com outras pessoas; pode haver riso, alegria, comemoração de jogadas, a raiva, a frustração, a satisfação, o confronto, o combate, a persistência, fazer seu cérebro arejar um pouco e ainda sair do estresse!”

Geralmente, meus interlocutores concordam comigo, mas nem sempre alteram suas agendas e compromissos. Em alguns casos, quando passam a incluir algum movimento corporal no seu cotidiano, me procuram com orgulho para relatar o que têm feito. Fico feliz e penso: “está mais próximo de alcançar seu objetivo e, se não alcançar de imediato, alcançará em uma tentativa posterior, certamente tendo percorrido um caminho mais saudável”.

* Fotos ilustrativas (Freepik)

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