Depois de construir casas sustentáveis em miniatura, estudantes do Novo Ensino Médio fazem open house de lançamento como manda o figurino.
Autoria: Colégio Santa Maria
Era uma casa muito engraçada
Não tinha teto, não tinha nada
Ninguém podia entrar nela não
Porque na casa não tinha chão…
Quem não se lembra dos versos de Vinicius de Moraes eternizados na voz de Toquinho? A canção mexia muito com o imaginário das crianças e por que não dizer, dos adultos?
Quando pensamos em uma CASA, automaticamente somos levados à imagem de uma construção, certo? Essa construção pode ser constituída de diversos materiais, mas hoje em dia, necessita de um ingrediente importantíssimo: a sustentabilidade.
Esta foi a ideia que originou o projeto CASA XXI, desenvolvido pelos alunos da 3ª série do Ensino Médio durante as aulas do professor Rafael Correa, de Física, do itinerário de Ciências da Natureza (https://portalcaleidoscopio.com.br/ensino-medio/projeto-casa-xxi-iniciativas-sustentaveis-para-um-futuro-proximo/).
Veja que estamos falando de uma unidade curricular ou de uma “disciplina” que em outros tempos era temida. A Física era ensinada dentro da sala de aula onde a professora ou o professor passava uma série de fórmulas e onde tudo – ou quase tudo – era demonstrado na lousa.
Se hoje você fosse um estudante de Física dentro uma escola de educação básica, como você gostaria que essa aula fosse dada?
Pois veja essas imagens e sinta a diferença.
Em um dia de sol, do lado de fora da sala de aula, neste ambiente com jardim por todos os lados, as turmas apresentaram miniaturas de casas sustentáveis, desenvolvidas ao longo do ano. A apresentação foi feita para professores, coordenadoras e direção, com direito a um open house. Tudo o que foi servido no evento foi preparado pelos próprios estudantes nas aulas de Cozinha Metabólica (saiba mais sobre o curso em nosso site https://colsantamaria.com.br/proposta-pedagogica/novo-ensino-medio/3a-serie/ciencias-da-natureza-matematica-e-suas-tecnologias/).
Depois de estudar toda a teoria necessária para começar o trabalho, as turmas desenharam a planta, fizeram orçamento até chegar à construção. “Eles tinham três temáticas”, conta o professor Rafael. “Duas casas de telhado verde – que facilita a captação de água pluvial, entre outros benefícios – duas casas com energia solar e duas com energia eólica”. A casa de telhado verde não chegou a ser construída, mas o projeto com essa temática vai permanecer no próximo ano, inclusive com as turmas da 2ª série.
Foi um grande desafio que contou com alguns imprevistos, como acontece em todo projeto. Isso é o que faz com que a aprendizagem seja mais efetiva, sobretudo porque é na dificuldade que somos estimulados a pensar em soluções. “Os alunos pesquisaram uma massa que pudesse ser reaproveitada, mas estava dando muita rachadura. Aí recorremos ao cimento fixo mesmo, para poder fazer a construção”, explica Rafael.
Durante todo o processo, uma rotina de trabalho foi adotada, como conta o educador: “Deu tudo muito certo; eles vinham e já colocavam o avental, pegavam os tijolos, o cimento, a tinta e começavam a montar”. E foi na montagem da casa com uso de energia solar que o grupo da aluna Carolina Parente enfrentou alguns “probleminhas”. O uso do cimento comum teve que ser substituído pelo Cimentcola e… “Depois que a gente fez todas as camadas de tijolo e argamassa, usamos massa corrida porque a tinta não pega no cimento”, conta Carolina.
“A turma que fez a casa com uso de energia solar construiu a rosa dos ventos para saber onde nasce o sol e, em seguida, poder colocar a placa e saber qual a inclinação dela. O grupo da energia eólica aprendeu como funciona o dínamo, onde dever ser colocado, como tem que girar, enfim, foi um grande aprendizado pra eles”, relata o professor Rafael. “A gente pensou numa área mais arejada com janelas maiores, uma coloração mais clara para não absorver muita luz e com essa pegada sustentável”, explica a aluna Mariana Hardt, da turma da casa com uso de energia eólica.
O teto e as janelas, feitos com acrílico, foi uma ideia que surgiu depois que o trabalho já tinha sido iniciado. Os estudantes reaproveitaram as barreiras acrílicas que o Santa Maria comprou na pandemia para as carteiras das salas de aula. Um dos grupos teve dificuldade na hora de cortar o acrílico no tamanho definido para o teto; como eles não estavam conseguindo, deram uma solução. “Os alunos que ficaram responsáveis pelo corte, dividiram o acrílico em várias partes, e isso ajudou muito a gente porque ficou um espaço que foi o suficiente para colocar a lâmpada”, explicou Davi Matias.
O piso de todas as casas foi feito com placas de madeira.
MUITO ALÉM DA FÍSICA
Quanta experiência para esses jovens que logo vão sair da escola e entrar em um mundo novo, com certeza mais preparados para enfrentar desafios. O Novo Ensino Médio está trazendo mais repertório aos estudantes e aos professores. “Eu fiquei muito feliz porque eles aprenderam muito e gostaram muito também. Eu ia apenas intermediando e sugerindo mudanças na planta e na pintura, por conta do prazo apertado para o término. Qualquer coisa que eles forem organizar no futuro, seja uma reforma, um planejamento financeiro ou uma manutenção, eles vão pensar na casa, nesse aprendizado”, conclui o professor Rafael.
“Hoje eu sou outro professor. Não consigo mais planejar minha aula sem pensar na parte prática, no momento do aluno pesquisar e trazer algo. Para mim é libertador porque quando trabalhamos com uma metodologia em que tudo é concentrado no professor, a gente acaba ficando um pouco inseguro, como se tivéssemos que saber tudo. Hoje em dia não é mais assim; nós construímos juntos, professor e aluno”.
Professor Rafael Correa