Conviver na diversidade promove crescimento, autonomia cognitiva e emocional; experiência que tem trazido resultados promissores na Educação Infantil

Autoria: Eliane Lima – Orientadora Pedagógica da Educação Infantil e Tathiane de Souza – Professora das turmas multietárias

Para essa conversa, penso que primeiro é preciso vasculhar as lembranças para, como diz Manoel de Barros, “fazer nascimentos”. Recuperar memórias de tempos em que brincávamos com os amigos, de idades distintas, no quintal, na rua, em festas, nas varandas da escola; com carrinhos de rolimã, jogo de taco, de subir em árvores.

Tempos em que os amigos mais velhos eram inspiração e os colegas mais novos, acolhimento e integração. Vivíamos, naturalmente, um “criançamento” que nos fazia aprender com o outro, com as experiências, com as relações. Sem muito planejar, fazíamos parte de comunidades multietárias e, nesse encontro, pertencíamos a territórios de liberdade e imaginação.

Assim, com o compromisso de viver territórios de liberdade, inventividade, criação e aprendizagem temos, na Educação Infantil do Colégio Santa Maria, salas e propostas multietárias. Acreditamos, como Froebel, Decroly, Vygotsky e Manoel de Barros, pensadores da infância e de educação da criança, que viver a/na diversidade é aprender a estar com pares que se tornam referências importantes, que inspiram o crescimento, a autonomia cognitiva, emocional e a segurança para realizar tarefas sozinho. Grupos, onde a brincadeira, a partilha, o diálogo, a discussão e o conflito permeiam relações e favorecem, de uma maneira natural, a construção de conhecimento.

No entanto, para além do “criançamento” das relações de parceria e colaboração, temos as propostas desenvolvidas nos grupos multietários chamadas Diferenciação Pedagógica. Ocasiões nas quais as crianças são organizadas em grupos de trabalho com a intenção de ajudá-las a avançar em suas aprendizagens, superando desafios, dificuldades e construindo saberes.

Nos grupos multietários, a aprendizagem das crianças, independentemente da idade, é fortalecida através das possibilidades de mostrar habilidades, sentimentos, autoconfiança, autonomia e, interagindo no mundo real, onde convivemos com pessoas diferentes, num ambiente diverso.

Todas essas experiências plurais existem para “ressignificar aquilo que nos rodeia e explorar o mundo com a curiosidade de quem vê pela primeira vez”. (Manoel de Barros).