Aprendendo a lidar com as contrariedades da infância: estratégias para acolher e orientar as emoções da criança
Autoria: Ana Karla da Silva – professora do Infantil
Para falar sobre o assunto é preciso refletir a respeito da importância das regras e combinados na vida da criança. Por que as regras são importantes? O que os combinados trazem de contenção, compreensão, cuidado e bem-estar?
Se partimos do princípio que Educar é um ato de AMOR que caminha lado a lado com o “sim” e com o “não”, com o que deve ou não ser feito, com o que está certo ou errado, partimos da ideia de que a compreensão desses sentimentos é um processo de experiência que a criança vive, transita e constrói à medida que lida com as adversidades dos grupos, dos pares, da escola e da própria família.
Conforme a criança cresce e percebe-se como sujeito potente, outros meios de sinalizar seus sentimentos e desejos aparecem. A birra/contrariedade é uma reação da criança que quer comunicar algo, mas ainda não tem o nível de maturidade emocional para fazê-lo de maneira funcional. Dessa forma, a birra é a linguagem usada pela criança para expressar seus sentimentos como: tédio, angústia, irritabilidade, sono, fome, raiva, frustração, entre outros.
Entendendo ser esta uma forma de comunicação de necessidades, o papel dos adultos é demonstrar à criança que esse não é o jeito mais adequado de se expressar. E como se faz isso? Primeiramente, não fazendo a vontade da criança. Caso a vontade dela seja feita, o comportamento vai se intensificar.
Um gesto que poderá fazer a diferença é manter a calma, ficar sobre a altura da criança, olhar nos olhos e dizer: “Desse jeito eu não estou te entendendo, enquanto você ficar assim, não posso te ajudar, quando você se acalmar, conversamos! ”. E de fato, cumprir com a sua palavra ou combinado estabelecido.
Após diminuir o nervosismo da criança, se faz necessário o acolhimento e o diálogo para uma maior compreensão sobre a atual frustração. Como também, auxiliar a criança a reconhecer, sentir e nomear os seus sentimentos.
A criança precisa sentir que o adulto escuta, confia, considera e avalia o que ela solicita. A frustração ensina de forma firme e amorosa sobre as regras, limites, combinados e inteligência emocional. Por isso, precisamos manter a calma e o equilíbrio e aprender a olhar para o que a criança precisa e não para o que ela pede.
Ana Karla é professora do Infantil, série iniciada em 2022, com turmas de dois anos de idade.