Aplicada pelo NETi, metodologia conhecida como Pensamento Computacional torna possível a realização de projetos tecnológicos tidos como complexos nas séries iniciais do Ensino Fundamental.
Autoria: Muriel Rubens é coordenador do NETi – Núcleo de Educação e Tecnologia da Informação do Colégio Santa Maria
Os três verbos que compõem o título deste texto precisam, a todo tempo, direcionar as ações de projetos que fazem o uso de ferramentas digitais na aprendizagem. E nesse caso, os dois primeiros, compreender e utilizar, dão sustentação ao terceiro: criar. É muito importante que a criança entenda a tecnologia, como ela funciona e perceba que não há mágica alguma ali.
A partir disso, é bastante saudável que ela saiba utilizar e domine os mais diferentes recursos de mídia, o que tem sido chamado de letramento ou fluência digital. Aí sim, na hora de criar, tudo fica mais interessante ainda. Pensar, solucionar, inventar, construir, tudo isso passa a ser natural nas atividades que envolvem aprendizagem criativa.
No Santa Maria, há inúmeras iniciativas que desafiam o aluno a produzir conteúdo e a colocar a mão na massa. Recentemente, por exemplo, uma turminha de 1º ano do Ensino Fundamental teve a ideia de criar seu próprio parque de diversões. Que brinquedos construir? Como fazer para movimentar um barco viking sem que as pessoas caiam? Muitos problemas para solucionar. Mas todo mundo tem problema, não é mesmo? Que o digam as turmas de 4º, 5º e 6º ano. Ambas usam o micro:bit, sucata e dispositivos eletrônicos para prototipar soluções tendo em vista questões da vida cotidiana.
Mas como pessoas tão pequenas podem resolver de forma eficiente problemas tão complexos? Segundo Aghata Lima, Supervisora de Tecnologia, a resposta está na estratégia utilizada por elas. Mais conhecida como Pensamento Computacional, é composta por quatro importantes habilidades – Decomposição, Reconhecimento de Padrões, Abstração e Algoritmização. Quem acredita que essas habilidades são desenvolvidas apenas por cientistas da computação ou nas aulas de matemática está equivocado!
Não se trata de pensar como máquinas, mas como nós humanos aplicamos nossa inteligência para resolver problemas como lavar roupa, escrever um texto, enviar um foguete à Lua ou encontrar a cura para o câncer. Só precisamos perguntar “Qual a melhor maneira de solucionar esse problema?”. Esse é o ponto de partida, a partir daí, iremos dividir o problema em partes menores, verificar se já vivenciamos algo parecido, desconsiderar informações irrelevantes e criar uma sequência de comandos que podem ser realizados por pessoas ou máquinas. Na busca pela solução, planejamos, aprendemos e criamos, inovamos! (Wing, 2006).
Aliás, engana-se quem imagina que só trabalhamos criatividade com ferramentas “sofisticadas”. Sabe o Power Point? Nas mãos das crianças do 2º ano do Ensino Fundamental, palavras e imagens já ganharam movimentos que saíram da imaginação e transformaram poesias em animações. Cecilia Meireles, Vinícius de Moraes, Marina Colasanti e Sérgio Capparelli foram alguns dos escritores escolhidos para bailarinas rodopiarem, focas baterem palmas e dromedários se multiplicarem nas telas dos computadores. Um conteúdo clássico trabalhado de forma lúdica e prazerosa.
Como disse Steve Jobs, “a melhor maneira de criar valor no século 21 é conectar a criatividade à tecnologia”. É isso o que buscamos: criar valor.