Atividades externas, na área verde do Colégio Santa Maria, trabalharam dificuldades motoras surgidas em crianças das séries iniciais durante o período longe da escola.
Autoria: Eliane Lima, coordenadora da Educação Infantil do Colégio Santa Maria, ex-professora da EJA.
Início do ano, retomada gradativa das aulas presenciais na Educação Infantil do Colégio Santa Maria. Tínhamos a certeza do cuidado com o acolhimento, do olhar atencioso aos aspectos interpessoais, socioemocionais, afetivos e, principalmente, com o motor.
Mas, por que essa convicção? Porque percebemos fragilidades e imperícias motoras nas crianças, resultado de terem ficado um ano distantes dos espaços que lhes assegurava tempos de correr, rolar, saltar, equilibrar, desviar, escalar, arremessar, lançar e brincar.
Notamos o aumento no número de quedas, inabilidade ao desviar de colegas em brincadeiras como pega-pega e corrida; tropeços ao saltar obstáculos simples como cordas e bancos; desarmonia ao marchar, andar e correr; dificuldade em perceber o próprio corpo e do amigo…Reflexos motores de corpos que viveram a restrição das áreas externas e naturais.
Atividades planejadas ao ar livre
Sabendo disso e, principalmente, que a criança da Educação Infantil ao Fundamental I vive experiências de aprendizagem por meio do corpo, dimensão inseparável do pensamento que expressa a intencionalidade de cada movimento e das emoções, procuramos garantir que as turmas da Educação Infantil ocupassem as áreas livres do Colégio. Que vivessem atividades planejadas e livres com o propósito de entrarem em contato com a escuta deste corpo e que se expressassem por meio do tônus, dos gestos, dos movimentos. Que desenvolvessem habilidades de praxia global e fina numa contínua descoberta de si e do espaço.
Assim, durante o semestre, elas equilibraram o corpo em guias de sarjetas, na corda da “falsa baiana” e no tronco da amizade. Trabalharam a lateralização quando desviaram de árvores, bancos suecos e nas brincadeiras de rodas deslocando-se para direita/esquerda, dentro/fora. Exploraram a tonicidade quando viveram experiências lúdicas trabalhando o freio inibitório como “batatinha frita” e “vamos passear na floresta”. Construíram a imagem corporal ao serem convidadas a desenhar suas silhuetas no chão ou quando brincaram de “costas a costas” e “estátua” ou ainda quando fizeram relaxamento percebendo um corpo que sente e aprende.
Encerramos o semestre acompanhando as conquistas e superações das turmas, as habilidades e competências desenvolvidas e, principalmente, com a certeza de que, independente do ciclo em que a criança ou estudante está, é preciso oferecer tempos e espaços para se viver experiências corporais, motoras e afetivas no bosque, campo, quadra, trilha ou gramado. Igualmente necessário construir uma relação empática entre a criança, o outro e a natureza, com experiências e linguagens vivenciadas por meio do corpo e do movimento. Em resumo, desfrutar tempo vivo do vínculo, do contato, da brincadeira, da curiosidade, da indagação e da aprendizagem significada no encantamento.