Como fica o coração das mães e dos pais que pela primeira vez estão trazendo seus filhos ainda muito pequenos para a escola?
Autoria: Alessandra Seidenberger – Departamento de Comunicação do Colégio Santa Maria
Cecília tem apenas três anos de idade e já está completando um ano que entrou no Santa Maria. Ela fez parte da primeira turma do Infantil, lançada ano passado com crianças de dois anos. A aluna está agora no Jardim I. Dá para imaginar a fofura dessas turmas tão novinhas, não dá?! Mas, ao mesmo tempo, para mães e pais de primeira viagem e apreensivos pelo momento novo na vida dos filhos, é preocupante. Confiar as crianças às professoras e auxiliares da escola, cortar o “cordão umbilical” das emoções e permitir que elas comecem a dar passos para iniciar o processo de autonomia, requer tempo e decisão da família.
Com a primeira experiência positiva ano passado, Ana Clara Massaro Matos, mãe da Cecília, decidiu matricular o irmão dela no Santa Maria para a mesma turma do Infantil. Fernando é apenas um ano e meio mais novo que a irmã. Faz pouco mais de uma semana que as aulas começaram e ele só completa dois anos em março.
E agora, mamãe?
“O Fernando ainda não está desfraldado, a gente se preocupa com essas coisas. Quando a Cecília entrou ano passado, o que me deu muita confiança foi que um menino da turma dela teve bastante dificuldade na adaptação, e a auxiliar ficava com ele no colo, como se fosse uma mãe mesmo. Então isso me deu muita segurança para o meu menino entrar esse ano. Eu deixo, vou embora pra casa e tenho certeza que eles estão sendo muito bem cuidados”, completa.
No primeiro dia de aula, Cecília, com três anos, entrou na escola querendo encontrar a professora do ano passado para dar um beijo nela. “É uma relação de amor mesmo. Isso não tem preço para os pais”, explica a mãe, aliviada.
Essas imagens foram registradas pela própria Ana Clara.
A “professora do ano passado” é a Ana Karla, conhecida apenas como Karla, uma jovem bem experiente com crianças pequenas. Veja este relato dela e você vai entender por que a Cecília tem tanto carinho pela professora.
Eu passei por todas as séries, desde a Educação Infantil até o 2º ano do Ensino Fundamental; todas têm algo especial, mas sou apaixonada pela turma do Infantil. É algo que me desperta; essa curiosidade, esse encantamento das crianças, eu gosto muito desse momento que eles chegam na escola e descobrem o novo.
Pra eles tudo é novidade: a escola, os amigos, a professora, então eles vêm com esse olhar de estranhamento e encantamento, ao mesmo tempo. É nesse momento que nós, professoras e auxiliares, mediamos a transição de casa para a escola. São muitas informações para eles, e os olhares curiosos me encantam.
Tive uma experiência muito bacana ano passado quando fui convidada para começar a turma do Infantil, da qual a Cecília fazia parte. Ela entrou no segundo semestre e a turma dela já estava acolhida, mas outras cinco crianças entraram junto com ela. Foi um período de novo acolhimento de todo o grupo, tanto para as crianças quanto para as famílias.
Quando chegou aqui na escola, a Cecília era bastante apegada à mãe e sentia um pouco de ciúme do irmão, o que é natural. Aos poucos ela foi se soltando; a despedida, que era tão longa, foi ficando mais curta. Este ano, ela está me ajudando no acolhimento e adaptação do Fernandinho, então, quando ele não está confortável pela saudade da mãe, eu chamo a Cecília na nossa sala, ela vem até ele e abraça, acalma, vai mostrando os brinquedos e os espaços. É como se ela tivesse dizendo: “olha, eu conheço esse lugar, está tudo bem aqui”.
Eu comentei com a mãe que fico emocionada de ver a evolução que a Cecília teve e a segurança que ela está transmitindo para o irmão, apesar de eles serem tão novos. Houve muita maturidade da parte dela!
ESCOLA GRANDE PREOCUPA?
Pela área externa do Santa Maria ter dimensões gigantescas, perguntei para a Ana Clara se ela tem algum receio quanto ao espaço da escola. “Nessa semana de adaptação em que nós pudemos acompanhar as atividades, observei que sempre tem mais de dois adultos (educadores) acompanhando as turmas”, disse ela.
Como a natureza que envolve o Colégio não pode deixar de ser explorada, os espaços são apresentados aos poucos e todos sempre andam juntos e, claro, com a supervisão das professoras polivalentes, professores de Educação Física e auxiliares. “Nós sempre contamos as ´ovelhinhas’, depois vamos pelo caminho brincando, cantando, parando e mostrando tudo”. Não saímos de perto deles”, explica a professora Karla.
E AS CRIANÇAS DO 1º ANO? SÃO “GRANDES”, MAS NEM TANTO!
No Santa Maria, as turmas do 1º ano ficam no mesmo prédio da Educação Infantil. É uma fase de transição em que as crianças começam a ingressar no mundo da alfabetização, mas, é bom lembrar, elas têm apenas 5/6 anos de idade e também precisam de suporte e um olhar acolhedor. Muitas delas chegam de escolas menores e passam pelo mesmo processo de adaptação das outras crianças.
Vinda de Recife, a família da Rebeca Otoni passou por uma mudança dupla. A aluna chegou ano passado no Colégio, ainda no Pré. A mãe, Michelli de França Barros, queria uma escola com muita natureza, assim como era na capital pernambucana, onde Rebeca estudava. “Eu também buscava uma escola acolhedora e que ensinasse nossa filha sobre comportamento humano, por isso nos identificamos bastante com o Santa Maria. Foi um olhar único que o Colégio teve para nossa família, de muita compreensão, o que fez toda a diferença. Minha filha se sentia abraçada e amparada, não só pelas professoras e auxiliares, mas também pela coordenação”, relata.
Professora do 1º ano, Rita Lázaro tem uma turma de 26 crianças, sendo 15 que ingressaram este ano. Um grande desafio, sobretudo porque é um grupo heterogêneo, que está em estágios diferentes de aprendizagem. Mas antes de entrar nessa fase, vem primeiro o vínculo afetivo. “Se as crianças não se sentirem seguras e felizes e, ao entrarem na sala, elas perceberem que está tudo bem, a gente não inicia o trabalho. A recepção das famílias no primeiro dia faz muita diferença. Elas estão deixando ali, conosco, o bem mais precioso delas”, explica Rita, que está há 27 anos no Santa Maria.
Passar segurança é fundamental, tanto para os pequenos quanto para mães e pais. É desde a porta da sala que o primeiro acolhimento acontece. “Dar um abraço na mãe e na criança, demonstrar que todos são bem-vindos e, principalmente passar a confiança de que vai dar tudo certo. Na hora da saída, dar uma palavra, conversar com a mãe ou responsável, essa primeira atenção acalma o coração”, conclui a educadora.
Que o diga a psicomotricista Silvia Baltieri, mãe do Pietro, aluno da professora Rita Lázaro. “Ele fala que acha a Rita muito carinhosa, que ela escuta”, diz. Como terapeuta, Silvia está habituada a trabalhar com crianças, o que a torna mais seletiva na hora de escolher a escola. “O Santa Maria sempre foi muito inclusivo, recebe todos os alunos como se já fossem do Colégio e nunca houve uma terceirização da responsabilidade. Eu sempre gostei dessa postura que a escola tem. A gente sabe que há crianças que demandam mais dos professores e o Colégio sempre oferece um apoio mais individualizado. Se eu quero que meu filho seja um cidadão, ele tem que ser educado em um lugar que tenha um olhar diferenciado”, conclui.
MENSAGEM DE CONFORTO
As crianças choram porque tem um momento que elas percebem que não estão fazendo um passeio, mas entrando numa nova rotina. As famílias ficam angustiadas, por isso eu costumo dizer que crescer dói, faz parte do processo. O choro vem, mas a gente vai acolher essa criança, nós vamos conversar, acalmar. Quando seu filho ou filha está perto de você na escola, é natural correr para os seus braços, não é? É justamente quando eles (elas) estão conosco que temos a oportunidade de acolher e fazer as mediações necessárias. É aí que acontece a evolução da criança e é a partir desse instante que os resultados começam a aparecer.
As crianças vão ganhando a confiança e a segurança de que nós estamos ali por elas. Todo esse processo faz parte do crescimento.
Professora Ana Karla da Silva