Metodologias Ativas

Dando significado ao aprender

Projeto do 9º ano explorou problemas reais para aproximar conceitos teóricos de Ciências à realidade vivida pela sociedade.

Autoria: Samuel da Silva Nunes Paiva (Ciências), Rodrigo Colson Valente (História) e Paulo Roberto Andrade de Moraes (Geografia), professores do 9º ano do Ensino Fundamental do Colégio Santa Maria

Attico Chassot é um renomado professor brasileiro especializado no ensino de Ciências e Letramento Científico. Sua tese de doutorado, defendida em 1994, foi readequada ao formato de livro, publicado no ano seguinte sob o título “Pra que(m) é útil o ensino?”. Nele, o autor discute a respeito da utilidade (ou melhor dizendo, inutilidade) de grande parte dos assuntos ensinados em Ciências, em especial a Química, sua área de formação.

O autor argumenta que o ensino de Ciências se distancia do aluno por sua linguagem “esotérica” e “hermética” e por discussões que exige do estudante quase que uma desconexão do seu mundo e cotidiano, para que possa compreender as abstrações discutidas em conteúdos que, por vezes, têm pouca relevância para sua realidade.

Todas as unidades curriculares correm esse risco, uma vez que o conhecimento acadêmico, ou academicista, muitas vezes distancia-se da “vida real” e se torna estéril por não gerar mudanças. Um ensino em desconexão com a realidade e que por isso perde valor e significado.

Então, o que fazer?

Essa consciência leva os professores do Colégio Santa Maria a propor temas, situações e desafios que coloquem os alunos diante das questões pulsantes de sua realidade cotidiana, mas gerando a possibilidade de enfrentá-las com ferramentas teóricas que enriquecem o olhar e permitam o enfrentamento de desafios.

Na disciplina de Arte, Ciência e Tecnologia (ACT) desenvolvida pelas unidades curriculares de Ciências, Geografia e História, os alunos do 9º ano foram desafiados a, em grupo, pesquisar e selecionar um problema que produzisse impactos ambientais e que estivesse relacionado à dinâmica de grandes cidades, tais como São Paulo, ou com o comportamento predatório do ser humano diante dos recursos naturais.

Com o tema definido, os alunos deveriam produzir o trabalho em três frentes: pesquisa e caracterização do problema, elaboração de uma proposta de solução e desenvolvimento de um protótipo para a solução apontada. Esse caminho teria de gerar um artigo, uma apresentação e o protótipo, um trabalho extenso, mas que permitiu aos alunos não só a regulação de ações em grupo como também a compreensão de situações que impactam suas vidas de maneira direta, podendo utilizar conceitos científicos ou entendendo profunda e significativamente como as relações sociais impactam a humanidade e os recursos disponíveis para nossa existência.

Foram múltiplas as competências desenvolvidas nesse projeto e os resultados apresentados encheram professores e alunos de orgulho e satisfação. Assim, não é exagero dizer que o questionamento apresentado pelo professor Chassot encontra no Santa Maria sua resposta. O ensino desenvolvido não só é útil por discutir problemas que estão diretamente relacionados com a vida dos estudantes, mas por possibilitar posturas e atitudes que possam transformar a realidade do aluno, pelo seu protagonismo, que compreender o papel da indústria, do transporte, do governo e o seu próprio, tanto como um agente que gera impactos ambientais quanto como um agente de transformação e uma fonte de soluções para os problemas enfrentados pela humanidade. E é quando os conceitos encontram relação com o cotidiano que o aprender ganha significado na vida dos estudantes.

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