Com a leveza da comédia, peça Roliúde City encerra curso de Teatro com texto que reflete o momento vivido no país e resgata valores caros à humanidade.
Autoria: Sergio Seixas, professor de Arte do 6º ano do Ensino Fundamental do Colégio Santa Maria
Uma adaptação da obra “Tribobó City”, de Maria Clara Machado, foi o texto escolhido para a finalização do curso de Teatro do 6º ano do Ensino Fundamental do Colégio Santa Maria.
Roliúde City se passa numa pequena cidade do interior da Paraíba. Explorado pelo corrupto prefeito Gedemar White e sua gangue, o povo passa a exigir seus direitos diante dos conflitos apresentados na trama. Na linguagem de comédia, o público pode se identificar com personagens simples e humildes, ingênuas e engraçadas, fortes e determinadas, com muita graça e leveza.
Em meio aos diálogos, estão valores humanos, éticos e morais, muitas vezes abandonados no mundo contemporâneo mas resgatados com grande destaque na peça. Qualquer semelhança com o momento político, econômico e social pelo qual o Brasil passa não será mera coincidência.
Arte e propósito
Vinculado à temática do projeto desenvolvido pela série, o trabalho pretende revelar e reforçar as funções social e política do Teatro. Com sua multiplicidade de linguagens, o fazer teatral proporciona ao público uma reflexão sobre muitas questões que vêm ocorrendo no país.
Assinado por mim, o texto propõe o exercício da cidadania e o despertar do senso de coletividade, de ações efetivas que nos permitam ser mais fortes e atuantes na sociedade. Mas para isso é preciso sairmos do mundo mágico dos palcos e acordarmos nos palcos da vida! Como espectadores que todos somos, precisamos nos levantar das poltronas das plateias, voltarmos às nossas realidades, levando importantes reflexões que provoquem ações efetivas em nossas vidas e na sociedade em que vivemos.
Bastidores
Por conta do difícil momento que vivemos desde 2020 durante a pandemia, foi com muita alegria que o Colégio Santa Maria, eu e os alunos comemoramos o fato de nos apresentar presencialmente no palco. Faz muito pouco tempo, a incerteza nos rodeava. Talvez fosse preciso gravar e editar as cenas para depois fazer uma transmissão on-line. O Teatro perderia assim sua grandeza! Com todos os protocolos de segurança respeitados, para atores e público, as apresentações celebraram um momento de nossas vidas que há muito não se via.
Também não posso deixar de apontar questões importantes em todo o processo de trabalho. Desde o início de 2020, esses alunos estavam “enquadrados na telinha”, deixando de explorar completamente suas potencialidades corporais e expressividade. Apesar de toda reelaboração do curso de Teatro para o ambiente virtual, todos sabemos que parte do desenvolvimento das crianças ficou comprometido. O Teatro é muito físico!
E ainda tem as questões relacionais, da convivência e coletividade, que perderam espaço no ambiente virtual, sem falar das fragilidades emocionais pelas quais todos passamos. E foi em meio a todo esse cenário, com suas idas e vindas, que esses alunos se viram desafiados a viverem as deliciosas personagens de Roliúde City, explorando, desenvolvendo e retomando suas capacidades físicas, emocionais e afetivas na convivência coletiva.