Educação Infantil

Educação emocional na primeira infância

Crianças da Educação Infantil participam de atividades para identificar e administrar suas emoções.

Autoria: Elizabeth Nishiyama Muniz, professora do Jardim II da Educação Infantil do Colégio Santa Maria

A educação emocional é fundamental para o desenvolvimento do ser humano, por isso o Colégio Santa Maria desenvolve um trabalho voltado a esse objetivo ainda na primeira infância. Como já dizia Padre Moreau, “é preciso educar mentes e corações”.

Para saber quem é Padre Moreau, clique aqui: https://www.congregacaodesantacruz.org.br/biografia-padre-moreau/

Pilares do trabalho

A necessidade da empatia é largamente citada por muitas pessoas, mas colocar-se no lugar do outro não é o suficiente. A compaixão é a atitude empática na prática, no sentido cooperativo. Mais do que “calçar os sapatos do outro”, é necessário fazer um trabalho colaborativo e sair do discurso estagnado. Requer escuta, encorajamento, exemplo.

É na relação com o outro que se pode conviver com diferentes ideias, gostos e características, e isso requer um aprendizado socioemocional. Nesse sentido, o adulto é um exemplo para as crianças e deve cuidar de suas próprias habilidades emocionais, ou seja, tem que materializar discursos em atitudes diárias. Outro aprendizado importante para as crianças é lidar com frustrações, que fazem parte da vida, e aprender com o erro traz uma série de aprendizagens. Permitir isso é primordial.

Antonio R. Damasio (1994) diz que: “Os sentimentos têm a última palavra no que se refere à maneira como o cérebro e a cognição se ocupam de suas tarefas”. Portanto, falar sobre os sentimentos de alegria, tristeza, raiva, medo é fundamental para que essas percepções sejam interpretadas pelo corpo e pelo sistema cerebral, para um aprendizado entre perceber, sentir, agir, extravasar e expressar.

O coração na roda

Pensando em trabalhar com essas questões, criamos a “Roda do Coração” na Educação Infantil há alguns anos. A atividade acontece no final do dia ou em algum outro momento em que seja necessária e envolve diferentes propostas – relatos de acontecimentos que deixaram o coração feliz, triste, com raiva etc. e momentos de assembleia ou relaxamento, por meio de jogos diversos, como os “carinhos quentes” ou o “jogo da xícara”.

Esses momentos permitem resolver problemas, olhar para o outro ou fazer toques sutis na pele com pincel, algodão ou tecido ou, até mesmo, presentear um amigo com algo especial que saiba fazer, como a “pulseira da amizade”.

Temos também um espaço com papéis, livros, “potes da calma” e almofadas para as crianças terem privacidade quando assim desejarem. Essas situações são oportunidades de reflexão, percepção, expressão, tomada de decisão, regulação emocional e tolerância. O objetivo é criar possibilidades para nomear sentimentos e aprender a expressá-los, desenvolvendo a percepção de si e do outro, sempre com respeito.

O que elas falam

Precisamos ensinar as crianças a mergulharem nas emoções e a lidarem com elas. Cada uma reage de um jeito, de acordo com sua experiência de vida. Respeitar isso e abrir espaço para que possam se expressar faz parte de uma educação emocional empática.

Muitas vezes, ouvimos as crianças dizerem: “Não quero mais ser seu amigo!”, ou notamos alguns mais quietos, outros correndo atrás de um colega que pegou seu brinquedo. Elas necessitam de tempo, caminhos e possibilidades para olhar, ouvir e perceber o outro e a si próprio. Significa considerar seus sentimentos e os das pessoas envolvidas.

Na Roda do Coração, as crianças utilizam o diálogo para expressar sentimentos, ideias e sensações de alegria, assim como algo que não lhes agrada. “Estou triste porque meu pai viajou para trabalhar”, disse uma delas. Expressar angústias e tristezas é necessário, por isso validar os sentimentos das crianças torna-se fundamental.

Preparação para a vida

Na Educação Infantil do Colégio Santa Maria, as crianças vivenciam situações cotidianas das quais interagem de forma cooperativa: aprendem a esperar sua vez, antecipam consequências, encontram soluções coletivas e lidam com desejos diferentes dos seus. Refletir sobre a ação que teve sobre o outro requer mudanças de atitude: afetar e ser afetado! Não basta pedir desculpas e repetir o erro constantemente. Ouvir um não quando necessário é tão importante quanto acolher os protagonistas de um conflito. Crianças e adultos aprendem a conviver, sentir e ser, valores que visam ao ser e não ao ter. Por isso, acreditamos que propostas como a Roda do Coração, as atitudes de paz e amizade são caminhos certeiros. As emoções ficam na memória e na nossa vida, são marcas que nos marcam!

Você também pode se interessar