Tomando como referência a Campanha da Fraternidade deste ano, é hora de pensar nos rumos da Educação, assunto que afeta a cada um de nós.
Autoria: Caio Augusto Ceneme Ferraz Leite, professor de Ensino Religioso do 9º ano do Ensino Fundamental II do Colégio Santa Maria
Em sua obra “Escritos de Educação”, o sociólogo francês Pierre Bourdieu convida a uma reflexão teórica de extrema relevância para a sociedade no presente século (apesar de ter elaborado os conceitos aqui discutidos no centenário passado): como podemos pensar sociologicamente a Educação?
Suas contribuições teóricas, tais como o Capital Cultural, os Excluídos do Interior ou mesmo o conceito de que a escola é promotora das desigualdades, são de fundamental importância para [re]pensar os caminhos educativos e as políticas públicas sobre Educação.
Não obstante a essa imensa, profunda e complexa discussão, a Campanha da Fraternidade de 2022 propõe uma reflexão-ação acerca deste tema que permeia os espaços oficiais de Educação (escola, igreja, família), como também flutua nas mais diversas esferas educativas do relacionamento humano (a roda de amigos, as viagens e experiências culturais, por exemplo).
Ampliar o alcance do olhar
O grande mérito da Campanha em convidar os cristãos à reflexão acerca da Educação revela-se de tremenda importância quando observamos o contexto do nosso país: ao longo de dois anos, todos os estudantes de norte a sul das terras brasileiras tiveram mudanças radicais no seu processo de aprendizagem, dadas as condições de isolamento impostas pela pandemia.
Também é preciso considerar as inúmeras questões sociais e econômicas enfrentadas pelas famílias ao longo do decurso do tempo – desemprego, evasão escolar, dificuldades de acesso às aulas e a emergência pelo trabalho em idade escolar como uma tentativa desesperada por suprir as necessidades financeiras – são alguns dos exemplos para analisar e compreender a magnitude dos obstáculos.
Refletir, pensar a realidade e como responder a ela são exercícios que todo cidadão deve fazer, caminhos propostos pela Campanha para cuidar da educação formal e informal de crianças e adolescentes. Não apenas isso: a Campanha da Fraternidade é um convite a todas e todos para que se inspirem no modelo de Jesus, capaz de alcançar mentes e corações porque suas ações eram pautadas em uma fala sábia e escuta amorosa.
O título desta reflexão propõe uma pergunta: Educação para quem? A exposição argumentativa e a análise desenvolvida tinham um objetivo claro: num contexto de segregação da educação, educar é transcender os limites dos muros da escola, é alcançar com sabedoria e amor todo ser humano em sua caminhada de vida. Assim sendo, a Educação é para toda a humanidade, por toda a humanidade.