Compreender os próprios sentimentos na primeira infância e as emoções que eles provocam, é o ponto de partida para trabalhar a empatia, algo que muitos conhecem, mas nem todos praticam
Autoria: Gisele Coli Nahime – Professora do Pré e Eliane Lima – Orientadora Pedagógica da Educação Infantil
“Um encontro de dois: olho a olho, face a face
E quando estiveres perto, arrancarei teus olhos
e os colocarei no lugar dos meus
e tu arrancarás meus olhos
e os colocarás no lugar dos teus
e então, eu te olharei com teus olhos
e tu me olharás com os meus.”
(“Convite ao encontro”, por Jacob Levy Moreno)
“O significado de empatia, segundo o dicionário Michaelis, consiste na habilidade de imaginar-se no lugar de outra pessoa, na compreensão dos sentimentos, desejos, ideias e ações do outro; qualquer ato de envolvimento emocional em relação a uma pessoa, a um grupo e a uma cultura”.
Neste contexto, como ensinar as crianças pequenas a serem empáticas?
Primeiro, tendo contato com seus próprios sentimentos, ou seja, compreendendo o que significa sentir amor, gratidão, compaixão, decepção, prazer, culpa… é viver nas relações entre pares (amigos, pais, parentes, professores etc.) a possibilidade de conversar sobre esses sentimentos e as emoções que são evocadas a partir deles.
É, por exemplo, compreender que tudo bem sentir tristeza, mas que é importante conversar sobre ela; que sentimos medo, mas o quanto é preciso enfrentá-lo com ou sem ajuda; que a alegria é uma manifestação que traz felicidade, mas que não tem problema às vezes não estarmos tão felizes assim!
Depois, a partir da compreensão, ter empatia é viver o exercício de se colocar no lugar do próximo. Tentar, mesmo que timidamente, compreender o que esse outro está sentindo e, nesse movimento, colocar em prática atitudes e valores que acolhem, que promovem respeito, solidariedade, compaixão e desenvolvem um olhar fraterno e misericordioso.
Por isso, no Colégio Santa Maria, além das percepções individuais e coletivas, desenvolvemos essa capacidade (empatia) por meio do diálogo que nasce nas interações, nas rodas de conversa e assembleias, onde as crianças resolvem conflitos, ouvem o colega e “olham com os olhos do outro”.
Cuidamos para que as crianças aprendam a ouvir com atenção o que as pessoas dizem, demonstrem interesse, se coloquem à disposição para ajudar e colaborar, ou seja, vivam espaços de vozes e escuta, e aprendam uns com os outros.
Trazemos também a literatura, uma grande aliada para o desenvolvimento dessa habilidade, afinal, atualmente temos um valoroso acervo que abrange esse tema e, por meio das personagens, as crianças vivenciam histórias, pensam sobre o que significa ser gentil, sobre zelo, acolhimento e respeito.
Enfim, exercício de viver uma vida social, de relações afetivas, caridosas e, como diz o Papa Francisco, de praticar “obras de misericórdia, por meio de um estilo de vida acolhedor e gentil, capaz de exercer proximidade, compaixão e ternura, acolhendo o outro em comunhão.”