Educação Infantil

Ética do cuidado nas aulas de movimento

Mais do que participar de uma aula em quadra, aprender a respeitar e a zelar pelo colega é uma das regras que norteiam a Educação Infantil no Santa Maria

Autoria: Claudio Natacci – Professor de Educação Infantil e 1º ano do Ensino Fundamental; Eliane Lima – Orientação Pedagógica da Educação Infantil

Para entender a importância dessa “condução” na Educação Infantil, é preciso primeiro saber que o cuidar é visto em todas as dimensões na infância, ou seja, socioemocionais, afetivas, motoras e cognitivas. Depois, recorrer à Base Nacional Comum Curricular (BNCC), documento norteador da educação básica, nos traz a ideia de que educar e cuidar são intrínsecas ao desenvolvimento da criança de 0 a 5 anos e 11 meses, o que contribui para seu desenvolvimento integral.

Por esta razão, educar e cuidar são pilares presentes nas aulas de Corpo e Movimento aqui no Santa Maria. E, quando falamos isto, não estamos trazendo a ideia simplista do que é cuidar, trazemos o que implica em “criar segurança afetiva”, relacionamento caloroso e terno, a conexão entre aquele que cuida (adulto) com quem é cuidado (criança).  Cuidar, portanto, não apenas enquanto professor e, sim, da relação entre as próprias crianças.

Mas, de forma prática, como esse cuidar acontece nas aulas de Movimento (Educação Física)? Como a criança pode exercer esse cuidar? Como ela pode se sentir cuidada? De que maneira a rotina e a organização das aulas contribuem para essa questão? Contribuem quando, na quadra, nos comprometemos a guardar as garrafas de água e nos sentamos no círculo central para planejarmos a aula, juntos. Nossa organização envolve a distribuição de materiais e a orientação quanto aos cuidados que as crianças precisam ter para não se machucarem, não ferirem os colegas e não danificarem os equipamentos, pois outras turmas farão uso deles.

O cuidado também é exercido quando, ao realizarmos uma brincadeira, aprendemos a aguardar a vez na fila, considerando o outro, seu tempo e ritmo. Quando, ao brincarmos, por exemplo, de cabo de guerra, o colega pensa no outro que está ao lado, atrás ou na frente, pegando de forma segura e correta a corda para não se machucarem.

Todos esses exemplos são práticas humanizadoras que partem do princípio de que as interações são pontos de partida para que as aprendizagens do “cuidar” aconteçam. São saberes e práticas que ressoam para além das quadras, se manifestam quando zelamos pela natureza, pela saúde das crianças, quando cuidamos dos bichinhos que habitam os espaços da escola.  Além de incentivarmos o olhar atento ao redor, colhemos e experimentamos frutas, conversamos sobre seus benefícios para o corpo, para uma vida saudável e sustentável.

Enfim, o cuidar se manifesta na autonomia, na autoestima e na autoconfiança, construídas nas relações marcadas e pela “intencionalidade educativa” (encontro da ação consciente do professor com os interesses e necessidades das crianças), onde as crianças aprendem a olhar para o outro e para si mesmas. Por isso, não existe o educar sem o cuidar.

A vida é cuidar!

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