Atividade Física

Fair Play no futebol do Santa

Crianças do 3º ano recebem árbitro de futebol e se preparam para iniciar equipes que vão coordenar um campeonato na escola

Autoria: Alessandra Seidenberger – Departamento de Comunicação do Colégio Santa Maria

O conceito de fair play (jogo limpo) é frequente no vocabulário do esporte, desde que comportamentos inadequados passaram a ser comuns dentro de campo e nas mais variadas modalidades. Mais do que isso, uma certa dose de violência e desrespeito entre competidores e nas torcidas, fez com que medidas importantes fossem adotadas.

Com esse pano de fundo, nossas turmas do 3º ano receberam o árbitro Márcio Mattos dos Santos, da Federação Paulista de Futebol, para um bate papo sério e divertido ao mesmo tempo. O professor Cleber Pereira, de Educação Física, foi o mediador do evento. Não faltaram olhares atentos, curiosos e muita empolgação, como se vê nas imagens.

Em 15 anos de carreira, Márcio já apitou campeonatos da 1ª e da 2ª divisão, jogos sub 20, sub 17, sub 15, além de competições não vinculadas à FPF. Ele iniciou a conversa com as crianças explicando que as regras do esporte são baseadas em três pilares: igualdade, justiça e segurança.

Diante de dezenas de alunas e alunos empolgados e atentos, o convidado respondeu a muitas perguntas.

Por que você decidiu ser árbitro? O que você escreve nos cartões na hora do jogo? A torcida atrapalha a arbitragem? Como se sente quando é xingado? Já favoreceu algum time? Você já apitou um jogo com um craque famoso em campo?

Nesta última, a resposta veio rapidamente com uma imagem projetada no data show. “Sim, o goleiro Cássio”, respondeu ele! “Também tive o privilégio de apitar um jogo em que o atacante Endrick estava em campo. Foi na final do sub 17, em 2021, uma partida que me marcou”, contou o árbitro. No início deste ano, o jogador, titular do Palmeiras, foi vendido ao Real Madrid, com apenas 16 anos.

Sobre o “incômodo” quando a torcida desrespeita, Marcio respondeu que o árbitro precisa se concentrar no jogo e não se importar com nenhum tipo de provocação.

Matando a curiosidade!

No meio do evento, Márcio começa a tirar elementos usados nos jogos, como a bandeira de impedimento, o apito, o spray utilizado para marcação da barreira na cobrança de falta, os cartões amarelo e vermelho…A cada objeto mostrado, as crianças faziam a maior festa porque elas podiam ver e pegar!

O primeiro objeto que o árbitro tirou para mostrar foi o Livro de Regras, que é estudado minuciosamente e, obviamente, deve ser obedecido pelos profissionais que apitam os jogos. Por falar em regras, as crianças aprenderam algo que muita gente não sabe: a punição através dos cartões teve início somente na Copa de 1970. “Na Copa do Mundo de 1962, Pelé recebeu vários pontapés e teve que deixar o campeonato, machucado. Não existia punição. Os jogadores que tiraram o Pelé da Copa, continuaram jogando normalmente”, contou o árbitro.

A importância do Fair Play

O fair play refere-se a um conjunto de valores e comportamentos que são considerados fundamentais para uma competição justa e saudável, como honestidade, responsabilidade, respeito pelos adversários, igualdade de oportunidades e boa conduta.

“Um ambiente menos hostil, sem nenhum tipo de pressão, de xingamento ou ofensa, faz o árbitro ficar mais tranquilo, e quando você está mais tranquilo, você desempenha um trabalho melhor. Um árbitro pressionado tende a errar mais”, respondeu Márcio para o professor Cleber.

Ao trazer o debate sobre fair play para a escola, os estudantes aprendem a valorizar a competição saudável e a entender que o esporte é mais do que vencer ou perder. Isso ajuda a desenvolver importantes habilidades sociais, como a empatia e a capacidade de trabalhar em equipe. Sem contar que poderá impactar as gerações futuras, tanto atletas como torcedores, que todos nós somos.

“O interesse das crianças sempre foi maior pelo contato com o atleta, o que faz com que elas tenham a visão de apenas um lado. O contato com o árbitro, que é mediador e é neutro, pode melhorar o comportamento delas. É muito raro um aluno entrar numa sala para ouvir um árbitro. Se isso for uma prática comum, vai fazer com que as crianças também enxerguem o esporte de uma forma neutra”, conclui Márcio.

Árbitro mirim

Alguns alunos do 3º ano já têm manifestado interesse por apitar jogos no Colégio. É o caso de Felipe Asprino, que também é apaixonado por um outro esporte, a Natação. Ele, inclusive, representa a Federação Paulista da modalidade. Justamente por não estar habituado a esportes coletivos, Felipe tinha uma certa dificuldade nas disputas. “Ele sempre foi muito competitivo, e no futebol na escola, ele não respeitava muito quando ficava muito atrás com a bola”, conta a mãe, Marina Lopes Asprino, que incentivou Felipe a participar dos jogos de uma forma saudável. “Ele pediu pra gente comprar o ‘kit juiz´com o dinheiro da mesada. Quando chegava do colégio, o Felipe dizia: ´mãe, eu estou separando o coração da razão porque meus amigos são muito próximos e às vezes fazem o que não é certo, mas eu tenho que fazer valer as regras do jogo’. Ele começou assim”, relata Marina.

Organizando os próximos campeonatos

O evento realizado no Santa Maria deu o start para um projeto da Educação Física para os próprios alunos e alunas organizarem campeonatos na escola. O professor Cléber vai montar as comissões e, a partir daí, as crianças terão a oportunidade de jogar dentro do conceito de fair play. “Nós vamos fazer um café da manhã e estabelecer as regras, vamos entregar o regulamento para eles”, explica Cleber, que vai supervisionar os alunos e dar suporte a eles.

“Justiça e honestidade na arbitragem são qualidades que nós precisamos levar para a nossa vida”. Márcio Mattos dos Santos

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