Autoria: Zózimo Lisboa – Professor de Corpo Lúdico, Curso Eletivo do Novo Ensino Médio do Colégio Santa Maria.
As atividades circenses possuem grande potencial pedagógico no espaço escolar. Acrobacia Coletiva é uma modalidade da arte circense onde vivencia-se uma prática corporal lúdica e agente no desenvolvimento da responsabilidade, confiança e compromisso.
Em 2022, na Unidade Curricular Corpo Lúdico, no Ensino Médio, foi ensinado Acrobacia Coletiva como um meio educacional significativo no desenvolvimento de capacidades sociais, culturais, cognitivas, motoras e afetivas do indivíduo. As linguagens artísticas desenvolvidas com as atividades circenses possibilitam aos alunos expressarem seus sentimentos, terem novas experiências e aumentarem a autoestima, percebendo que são seres capazes de realizar atividades artísticas e de produzirem cultura. Assim, as atividades circenses podem trazer vivências de elementos da cultura corporal de movimento a serem debatidas e apreciadas dentro da escola e, também, em momentos de lazer.
As experiências com as atividades circenses pelos alunos do Ensino Médio contrapõem-se às práticas que enfatizam o uso utilitário do corpo e com a preparação que a escola faz dos alunos para o trabalho. Elas podem ser parte de um projeto de sociedade onde os alunos adquiram autonomia em relação aos elementos da cultura corporal e conquistem sua liberdade plena, enriquecendo e contribuindo na formação humana. Para uma atuação que aproxime as artes circenses da escola no Ensino Médio, propõe-se trabalhar com a Acrobacia Coletiva nas aulas de Corpo em Movimento.
Conhecendo a história da Acrobacia Coletiva
A Acrobacia Coletiva está inserida no agrupamento de técnicas das Acrobacias de Solo, e também é conhecida como “Pirâmides Humanas” no universo circense. A modalidade chegou ao Brasil por meio do Circo, mas fundamentou-se como esporte no militarismo do país na década de 40. A então “Ginástica Acrobática” foi difundida principalmente pelo escritor, acrobata, paraquedista e professor Charles Astor no Brasil.
A modalidade combina vários elementos da ginástica (parada de mãos, paradas de três apoios, pontes, quatro apoios, esquadros), em diferentes configurações de pernas (carpadas, grupadas, estendidas) na construção de figuras e formas, em um trabalho cooperativo e de superação de limites entre os praticantes.
Reforçamos a ideia de que a Acrobacia Coletiva é uma modalidade cooperativa em sua essência, em que os praticantes podem desenvolver capacidades físicas e habilidades motoras básicas junto a relações interpessoais, em uma vivência corporal que pode ser prazerosa e lúdica e ainda ser agente no desenvolvimento da responsabilidade, confiança e compromisso. Durante a construção das formas, os praticantes assumem papéis diferentes de acordo suas características pessoais: base (suporte, responsabilidade, força), volante (sustentado, coragem, leveza e técnica), intermediário (versatilidade, capaz de exercer as duas funções em uma mesma figura). Há, também, os colegas que auxiliam na construção e desconstrução das figuras oferecendo a segurança necessária para sua realização.
O trabalho em equipe foi apontado como o que mais gostaram. A Acrobacia Coletiva mostrou ser um conteúdo interessante e possível de ser trabalhado nas aulas motivando e estimulando a prática do movimento físico.