Projeto de pesquisa do 7º ano amplia a visão e a aprendizagem do período histórico da Idade Média
Autoria: Lucas Marchezin – Professor de História
A escritora Chimamanda Adichie, em uma palestra do TED Talks (Tecnologia, Entretenimento e Design), ao falar do perigo de termos apenas uma história única, nos lembra que “histórias têm sido usadas para expropriar e ressaltar o mal. Mas histórias também podem ser usadas para capacitar e humanizar. Podem destruir a dignidade de um povo, mas também podem reparar essa dignidade perdida”.
É fundamental refletir sobre quais histórias estamos enfatizando e quais estamos simplesmente omitindo ou ignorando. Se histórias importam, como nos lembra a escritora nigeriana, é essencial estarmos atentos ao que estamos contando.
Um bom exemplo é a Idade Média. À primeira vista trata-se de um recorte cronológico que vai do século V ao século XV. Mas ao invocar o nome desse período, pensamos em um universo marcado por personagens e paisagens europeias.
O projeto Histórias da Idade Média surgiu exatamente da preocupação de ampliar, através da prática de pesquisa, esse olhar dos estudantes sobre o período histórico, um olhar para além da Europa. Para alcançar esse objetivo, as atividades do projeto foram divididas em quatro etapas, distribuídas no decorrer dos dois primeiros bimestres de 2023.
Na primeira etapa, por meio de um sorteio, os alunos foram divididos entre as seis sociedades escolhidas para o projeto: Império do Mali (África), Império Chinês (Ásia), Império Bizantino (Europa/Ásia), Japão Medieval (Ásia), Astecas (América) e Vikings (Extremo norte da Europa). Cada aluno foi responsável por pesquisar sobre a sociedade designada, identificando e registrando os seguintes aspectos: estrutura política (qual era a forma de governo, quem governava, como governava), organização econômica (principais atividades econômicas e forma de trabalho), estrutura social (quais os grupos sociais dessa sociedade e sua hierarquia/pirâmide social) e um traço cultural característico (sua religião, costumes etc.). Essas informações foram registradas em um arquivo do Google Docs através de um texto autoral, assim como as fontes utilizadas pelos alunos nesse processo.
Na segunda etapa os alunos foram agrupados conforme o tema da sua pesquisa em seis grupos e tiveram que cruzar as informações e fontes utilizadas. Como mostram as imagens abaixo, uma aula no espaço HUB foi realizada através de um “rodízio de estações” para verificar as informações das fontes utilizadas, compará-las e buscar imagens. Feito isso, alunas e alunos produziram um relatório da pesquisa sobre a sociedade estudada, identificando seus aspectos políticos, econômicos, sociais e culturais. Essa produção coletiva deveria conter também as fontes utilizadas e ao menos duas imagens significativas dessa sociedade.
No segundo bimestre serão realizadas mais duas etapas. A terceira consistirá em três aulas na biblioteca em que os alunos irão conhecer o acervo e as técnicas de pesquisa disponíveis. A partir das indicações do professor sobre a etapa anterior, os alunos, reunidos em grupo, deverão transformar o relatório de pesquisa em uma página de um site, aprofundando os itens que o compõe e fazendo os ajustes necessários. Em seguida, as páginas serão inseridas em um site com um mapa interativo da sala, contendo todas as sociedades estudadas.
Todo o trabalho será realizado com uso do Canva (plataforma de design gráfico). Por fim, na quarta e última etapa, os grupos deverão fazer um seminário com as informações recolhidas, sistematizadas e utilizadas para a produção da página da civilização estudada.
Saiba Mais!
Chimamanda Adichie é uma renomada escritora nigeriana de 45 anos, e uma das vozes mais influentes da literatura contemporânea. Sua escrita envolvente aborda questões, como identidade, raça e colonialismo.
A carreira literária da escritora ganhou destaque com o lançamento do romance “Hibisco Roxo”, em 2003, aclamado pela crítica e vencedor de vários prêmios. Três anos mais tarde, Adichie lançou “Meio Sol Amarelo”, que retrata a guerra civil nigeriana dos anos 1960, e que rendeu a ela o Orange Prize for Fiction, um dos prêmios literários mais prestigiados do Reino Unido.