Projeto multidisciplinar aprofundou conhecimentos sobre o universo HQ e levou à produção de trabalhos com conteúdo envolvendo educação financeira e a biografia de cientistas mulheres de diferentes gerações.
Autoria – Fabiana Miranda, professora de Matemática; Melissa Ferronato e Renata Pozzetti, professoras de Português, e Simei Ribeiro, professor de Ciências – todos do 6º ano do Ensino Fundamental
As histórias em quadrinhos são conhecidas no mundo todo e, apesar de parecerem muito modernas, surgiram há muito tempo, são resultado de milhares de anos de aprimoramento. Com mais de 20 mil anos, as pinturas rupestres mostram que os homens pré-históricos já desenhavam caçadas e outros acontecimentos. Há cinco mil anos, os egípcios contavam como era a vida dos faraós combinando desenhos e hieróglifos, muitas vezes em uma sequência bastante similar às técnicas usadas para a elaboração de histórias em quadrinhos.
Esse gênero, também chamado de HQ, normalmente está associado à narração, apresentando texto e imagem que estabelecem uma ideia de complementaridade. Muito populares entre crianças e adolescentes, as HQs infelizmente ficaram, por muito tempo, relegadas ao injusto rótulo de “subgênero”, contudo, têm ganhado cada vez mais força, demonstrando que grandes histórias podem ser contadas sob o viés da Arte Sequencial.
Foi no embalo desse universo que os componentes de Português, Matemática e Ciências do 6º ano do Ensino Fundamental desenvolveram trabalhos que permitiram aos alunos explorarem e criarem suas próprias HQs.
Nas aulas de Língua Portuguesa, o gênero textual e toda a sua especificidade foi estudado durante todo o segundo bimestre, levando os alunos a adquirirem as ferramentas necessárias para a produção, que teve como recorte temático duas propostas e suportes diferenciados.
O primeiro desafio envolveu o componente de Matemática, que desenvolve com as turmas do 6º ano o projeto de Educação Financeira “Orçamento Familiar” tendo como objetivos conscientizar os alunos do real valor do dinheiro e a importância de se distinguir entre o que desejamos ter e o que precisamos ter.
Por meio do projeto, os alunos encaram diálogos e reflexões a respeito de desejos e necessidades, estimulando uma reflexão sobre a atual cultura de fomento ao consumo impulsivo e imediatista, incentivando-os a pensar em valores, oportunidades e consequências de suas ações. As dinâmicas os levam a apresentar e discutir os reais motivos pelos quais devemos aprender a lidar com o dinheiro; ter objetivos e saber como alcançá-los; saber julgar as decisões de consumo; aprender a gerir gastos; entender os meios de pagamento disponíveis no mercado; e compreender a importância de se poupar dinheiro.
Para enriquecer as discussões, eles fizeram a leitura do livro paradidático “Seu Dinheiro Sua Decisão!”, que de maneira lúdica apresenta estes temas em forma de contos facilitando a compreensão por parte dos alunos. Colaborando com este projeto tivemos a participação do componente de História trazendo o surgimento do dinheiro desde o período do escambo.
Finalizamos com os alunos escolhendo um dos temas abordados no livro paradidático e, recorrendo ao programa storyboardthat, criaram suas próprias histórias utilizando a ferramenta digital. Ela permitiu aos alunos a exploração de recursos de criação e uma HQ, envolvendo uma gama de possibilidades de montagem de cenário, cores, balões, personagens, trocas de roupas, posições, letras…
O segundo desafio, com a participação do componente de Ciências, foi uma proposta para ser feita manualmente, e estabeleceu um diálogo como projeto da série “Somos diferentes, mas não desiguais”. Os alunos adaptaram biografias de importantes cientistas mulheres, como a astronauta e médica Mae Jemison, a matemática e educadora Hipatia, e a astrônoma Vera Rubin. Tendo vivido em épocas distintas, cada uma delas contribuiu de forma significativa para o avanço das Ciências, superando preconceitos e entrando para a história. Para que essa produção acontecesse, foram utilizadas três biografias contadas no livro As cientistas – 50 mulheres que mudaram o mundo, escrito e ilustrado por Rachel Ignotofsky.