São muitas as formas de comunicação que colaboram para o aprendizado das crianças na Educação Infantil. O papel da família nesse processo é fundamental.
Autoria: Ana Karla da Silva, professora do Infantil, série inicial da Educação Infantil do Colégio Santa Maria
Quero iniciar aqui refletindo um pouco a respeito da importância da comunicação e do nosso papel como interlocutor. Trago no texto como destaque a linguagem oral, porém existem outros meios e movimentos para que possamos interagir e expressar as nossas necessidades.
São meios e movimentos realizados por expressão facial e corporal, gestos, sentimentos, linguagem de sinais (para quem possui deficiência auditiva), ou a própria linguagem verbal. No dicionário brasileiro, a palavra comunicação tem como significado: “Ação de transmitir uma mensagem e, eventualmente, receber outra mensagem como resposta”.
Tudo comunica
Desde o gestar, recebemos a interação e a comunicação de nossos pais em pequenas manifestações de amor e aconchego. Além de sentimentos que estão relacionados a medo, ansiedade, expectativa e afeto – “afeto esse que nos afetam”. Como resposta, temos um chute, um enjoo e até mesmo uma calmaria quando acontece essa troca.
A primeira comunicação feita pela criança é o choro, maneira pela qual se expressa quando deseja alguma coisa ou para alertar que algo está errado ou incomodando. Com o passar do tempo, costuma criar, de forma comunicativa e afetuosa, outras maneiras de indicar suas necessidades e passa a ter percepção de que suas expressões causam reações no outro.
Aliás, a interação familiar é fundamental nesse processo: o adulto se torna referência, desenvolvendo uma escuta atenta, um olhar curioso, dando espaço a novas e possíveis habilidades.
O desenvolvimento da linguagem oral pode ser favorecido pelo simples fato de conversarmos espontaneamente com a criança, de forma clara e correta. E ao mesmo tempo, ter a prática de ouvir, mesmo que a resposta, a princípio, não venha em palavras.
“Tomar a criança pequena como sujeito competente para a interação e, portanto, inserido na linguagem antes mesmo de falar, é essencial para que se crie uma rede simbólica que dará sustentação à sua fala. Um ambiente em que a palavra tem valor é de suma importância para que as crianças falem com sentido e propriedade” – Tânia Campos Rezende e Vitória Regis Gaby de Sá, livro “Infância, liberdade e acolhimento: experiências na educação infantil”.
Na aprendizagem
Trazendo para o contexto escolar, a instituição, juntamente com o grupo docente, busca criar um ambiente acolhedor, em que a criança possa expressar seus desejos e se apropriar da linguagem. Os estímulos favorecidos estão em brincadeiras e atividades diárias por meio de mediações, conversas e convites… Brincar livremente, roda de conversa, roda de histórias, cantar e dançar, brincadeiras de roda, leitura de imagens, recontos, versos…
Experiências que contribuem para tecer o fio da memória que, pela transmissão da oralidade, projeta os gestos do brincar e a produção de conhecimento. Nesse sentido, o papel do professor é proporcionar momentos para que a criança se sinta à vontade em realizar essa troca, oferecendo tempo e o espaço para que se sintam seguras e confiantes em dizer o que sentem e pensam.
Como dizem as autoras citadas acima, “Não se trata de adivinhar o que a criança quer, pois, a dificuldade de compreensão do outro é que faz aperfeiçoar a sua fala, mas de supor que, naquela tentativa de se comunicar, há uma intenção na resposta. É preciso dar-lhe espaço para formular o seu pensamento, esperando que ela se comunique e, por meio do diálogo, verificar se entendemos o que quer dizer”.
Entretendo, mais do que agir, é preciso “inter-agir” para que ocorra o desenvolvimento da linguagem. É através dos meios de comunicação que trilharemos caminhos para que ocorra essa troca. Cada criança é única, assim como cada família, por isso, o convite: que saibamos respeitar os tempos e os espaços de cada criança, nesse processo de crescimento e “transformar-ação”.