Educação em Pauta

Jesus criou os professores de Física para as crianças se divertirem

Vivência de crianças do Pré no prédio do Ensino Médio surpreende professor com 30 anos de carreira; o resultado é este belo relato que ele próprio escreveu  

Autoria: Marcos Appollo – Professor de Física

“Cada um sabe a dor e a delícia de ser o que é”, segundo nosso mestre Caetano Veloso em sua música Dom de iludir. Nesse artigo vou relatar uma das delícias da minha profissão de professor. Na situação vivida, o último capítulo está na mensagem que eu recebi – que dá título a este texto – depois de uma visita de estudantes do Pré do Santa Maria ao prédio do Ensino Médio.

Estou no magistério há 30 anos – sendo 26 no Santa Maria. Ser professor implica uma série de atividades muito prazerosas, e outras, nem tanto, como corrigir provas e preencher diários, como acredito que seja tudo em nossa breve vida.

Tive a oportunidade em maio deste ano de fazer algo totalmente inusitado e inédito na minha vida profissional. A professora Fernanda Lugatto, da Educação Infantil, me enviou uma mensagem dizendo que suas alunas e alunos do Pré estavam muito intrigadas/os sobre o funcionamento dos espelhos e sobre outras questões relacionadas com a Óptica, e me propôs um encontro para que eu pudesse tirar dúvidas e conversar sobre este assunto com a turma.

Por ter me formado em Física e na minha trajetória profissional sempre ter ministrado aulas para adolescentes do Ensino Médio, confesso que senti um misto de medo e de entusiasmo com o desafio de criar uma dinâmica que exigia uma série de adaptações para um público que tem um ritmo e dinâmicas totalmente diferentes do que estou acostumado. Por mais que eu me preparasse, não tinha ideia de como seria esse encontro e se conseguiria fazer com que fosse um momento de aprendizado e de troca com as crianças.

A professora Fernanda mandou algumas dicas sobre as dúvidas e observações das/os pequenas/os: “A luz do sol bate no espelho e reflete em outras coisas”, fala Liz, ou ainda “O espelho reflete você no outro espelho. Aí fica um monte de você no espelho”, observa Valentim.

A melhor forma de retratar o encontro está presente nas fotos. Numa delas, vemos as crianças alinhadas em duas fileiras supondo que cada uma delas seria um espelho e que a bola seria a luz que foi refletida por “todas as partes do espelho”. Cada criança “rebateu a luz” para a seguinte no espelho colocado à frente. Sem dúvida, todas tiveram de participar da experiência e a bola/luz foi refletida por cada uma delas! Tivemos também uma apresentação de slides de imagens diversas sobre a presença do espelho no nosso cotidiano e formação de imagens. Fizemos um passeio pelo prédio Santa Cruz (onde está localizado o Ensino Médio), onde pudemos observar também o espelho convexo existente na portaria.

O encontro foi MUITO além do que eu esperava, porém, a cereja deste bolo ainda estava por vir. Fernanda fez uma dinâmica com a turma com desenhos e frases para retratar como foi a experiência, e enviou fotos de alguns relatos e da produção da turma.

Em uma circunferência, a linha traçada volta para o mesmo lugar por onde passou. Gosto da imagem da espiral onde voltas são dadas em torno de si, porém retornam em um nível diferente do anterior. Quem sabe se estas crianças vão rever os conceitos da Óptica daqui a uma década e recordar seus conhecimentos adquiridos nesta vivência, porém, com um nível de profundidade maior. Não sei se ainda estarei em sala de aula nessa ocasião, mas, com certeza, haverá uma professora ou professor aqui no Santa Maria muito capacitada/o para apresentar os conceitos envolvidos com o mesmo cuidado e atenção que as crianças tiveram nessa visita que me foi tão emocionante e reveladora.

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