Alfabetização é um processo muito além da aprendizagem da escrita e da leitura.
Autoria: Colégio Santa Maria
Quando perguntamos para um adulto o significado da palavra Alfabetização, é bem provável que venha à mente uma cartilha, uma junção de sílabas, palavrinhas e frases curtas, ou talvez a imagem de crianças sentadas à mesa com lápis e caderno na mão escrevendo o que a professora dita. Este era o contexto do aprendizado da leitura e da escrita anos atrás, você concorda?
Pois é, os tempos mudaram!! Existe um processo que coloca a criança em um contexto significativo, tanto dentro como fora da sala de aula, principalmente em momentos de brincadeiras para que ela seja alfabetizada; é o que chamamos de intencionalidade. Na Educação Infantil e no 1o ano, tudo é contextualizado e intencional. Sabe aquela frase, “a criança pode aprender brincando”? É exatamente isso, sempre considerando que a aprendizagem não é uma caixinha fechada, engessada.
Um fator importante a ser levado em conta é que cada criança tem o seu tempo, nem todas se apropriam do conteúdo da mesma forma nem simultaneamente. Aqui no 1º ano do Ensino Fundamental, antigo Pré, onde a maioria dos meninos e meninas chegou aos 6 anos de idade, existe a expectativa de que todos terminem o ano letivo sabendo ler e escrever, certo? Sim, e é isso mesmo que já está se revelando nesta etapa. “Eles estão começando a construir frases com verbos de ação”, explica Orgides Neta, orientadora da série. “Temos trabalhado muito com jogos, brincadeiras… O livro didático é um apoio, mas a prioridade do nosso trabalho é que a aprendizagem se desenvolva em um ambiente com afeto, intencionalidade e muitas propostas lúdicas. Estamos fazendo o resgate do 1º ano como uma continuidade da Educação Infantil”, conclui a educadora.
As metas são as mesmas: as crianças devem concluir o 1º ano sabendo escrever frases, legendas e pequenos textos de memória, ou seja, textos que eles trabalharam durante o ano, brincando, jogando, como trava-língua, parlendas, cantigas… Não se trata de um texto com introdução, desenvolvimento e conclusão, mas escrever com autonomia legendas de uma imagem, por exemplo. Neste sentido, o que muda são as estratégias de aprendizagem. Cada turma possui grupos de alunos heterogêneos, por essa razão são desenvolvidas propostas organizadas nesta diferenciação pedagógica, ou seja, com abordagens diferentes para cada grupo.
O cotidiano está sempre presente nas atividades sugeridas. Um recurso utilizado são os textos coletivos, como o convite para um café que eles fizeram para comemorar o Dia do Trabalho, no primeiro semestre, e o que será feito sobre os 40 anos do Padre Pedro, que a comunidade do Santa conhece muito bem! “Nessa volta das férias, pedimos que as turmas criassem diários do que estavam fazendo nesse período com as famílias. Eles puderam usar fotos e desenhos também”, mostra a orientadora, com alguns cadernos dos alunos na mão. “Trata-se de possibilitar que as crianças compreendam que a escrita e a leitura possuem uma função social, ou seja, elas comunicam nossos desejos, ideias, intenções”, conclui Neta.
O trabalho para explorar as habilidades das crianças passa por conduzi-las à prática, como no plantio da horta, por exemplo. Isso aumenta o repertório delas, enriquece o vocabulário e, consequentemente, favorece a aprendizagem da leitura e da escrita. E como as famílias têm acesso ao que é realizado no dia a dia da escola? Cada turma do 1º ano tem um site (Portfólio Digital), criado com essa finalidade. Ali, todas as metas são divulgadas e as evidências do que é vivido pelas crianças também.
Um aspecto importante a ser considerado com esses meninos e meninas que vivenciaram o isolamento provocado pela pandemia do Coronavírus é a oralidade, que ficou prejudicada, assim como a autonomia, em alguns casos. É natural que dentro de casa a criança não sinta necessidade de realizar tarefas simples ou até de verbalizar tudo o que precisa; o que já não acontece quando ela está na escola, em que a atenção das professoras é dividida. “Nós utilizamos estratégias para desenvolver esta oralidade e a organização do pensamento”, diz a professora Elaine Soares, com 25 anos de carreira, a maior parte deles dedicados à Alfabetização.
Comunicação e autonomia
No Google for Education, plataforma utilizada em todos os segmentos aqui no Colégio, as crianças têm acesso aos enunciados e aos recados da professora; são informações sobre a lição de casa, sempre em letra bastão. Os pais podem auxiliar, mas é uma maneira delas começarem a desenvolver independência e a se organizar. “Quando eles têm contato com a escrita ao abrir o que está registrado no site, é uma forma de relembrar o que vivenciamos em sala. Nós também incentivamos que eles expliquem para os pais como foi desenvolvida uma determinada atividade”, relata a professora Elaine.
Em uma tarde de segunda-feira, sentadas em círculo, as crianças recebem um pequeno desafio: por meio de algumas figuras, elas vão escrever uma frase. A professora pede para explorarem um pouco mais e complementarem as frases usando a criatividade. Tudo acontece de uma forma bem natural, e o resultado é surpreendente. Em um visível espírito de equipe, um dos alunos auxilia a colega a completar a sentença: “A vovó canta música”… “Que tipo de música?”, pergunta a professora: “música de balé no parquinho com o professor”, completa Lucas.
Enquanto a reportagem conversa com a professora, uma aluna nos interrompe para fazer uma pergunta: “princesa é com S ou com Z?”…“Uma vez que a criança vem e questiona a ortografia é porque ela já tem uma noção da escrita correta. Mas se ela ainda não tem esse domínio, a gente procura meios dela entender através de associações, e não tem problema se nesse momento ela escrever com Z, explica Elaine.
Voltando para o Lucas, que ajudou a colega de classe a completar uma frase, nós conversamos com a mãe dele, a médica veterinária Carla Giacomazzi, que chegou este ano em São Paulo; a família é de Porto Alegre (RS). Mãe de gêmeos, ambos em salas diferentes do 1º ano, Carla se sente confortável em falar a respeito da aprendizagem dos meninos, especialmente do Lucas, que está na turma visitada pela reportagem. Ela tinha uma preocupação com a transição da Educação Infantil para o 1º ano. “O Lucas se adaptou muito bem à escola, à professora e ao método. Quando a gente se deu conta, em três, quatro meses, ele já estava lendo tudo”, diz.
Carla identificou uma característica peculiar do Santa Maria: a diversidade de ambientes do Colégio. “A metodologia é muito envolvente, lúdica; vejo pelo portfólio que a gente tem acesso. O fato de ter muitos espaços, que são bem aproveitados, também favorece; eles aprendem o conteúdo de uma maneira leve e nunca vêm para casa cansados, pelo contrário, eles têm muito interesse”, relata.