Jogo caçadores de balelas: que as mentiras alheias não confundam nossas verdades.
Autoria: Haroldo Bueno, professor de Geografia do 8º ano
A área de Ciências Humanas do Colégio Santa Maria incorpora ao cotidiano escolar discussões e debates, como o projeto Eleições. Partimos da ideia de que a política está presente em nossa sociedade em todas as relações de poder e de liberdade, desde as relações familiares, passando pela escola, cidades, países e também pelo mundo. A própria realização ou não realização de algo expressa relações diferenciadas da liberdade de agir, cujas restrições ou permissões, impostas por lei ou por outras condições (acesso à saúde, educação, transporte, segurança etc.), permitem que os agrupamentos humanos subsistam de uma determinada forma.
Nossa sociedade está localizada no tempo e no espaço. Interesses e circunstâncias mudam de acordo com a História e a Geografia. Assim, relações de poder que antes se apresentavam de uma maneira, agora podem não atender às necessidades da maioria das pessoas. O que significa que relações de poder construídas em um país ou região podem não servir às pessoas de outro país ou região.
Tendo isso em vista, na área de Ciências Humanas são desenvolvidos vários projetos que almejam trazer para o dia a dia dos alunos, professores e familiares, discussões que tenham como motivação o processo eleitoral, entendendo que ele é muito mais do que o voto.
Dentre os vários projetos desenvolvidos neste ano pela área de Ciências Humanas do nosso Colégio, está o Sustentabilidade, ou simplesmente, Sustenta, “Caçadores de balelas: que as mentiras alheias não confundam nossas verdades”.
Eu e meus alunos e alunas elaboramos este projeto, que consiste em uma atividade realizada por meio de uma dinâmica de jogo, cujo objetivo é possibilitar ao estudante compreender os fundamentos de checagem de fatos e promover educação midiática, habilidades de análise, capacidade de diálogo e espírito crítico.
A ideia do projeto surgiu quando participei de um encontro de educadores promovido por uma Editora no litoral paulista. Lá, tive a oportunidade de participar de vários workshops e, em um deles, o tema era Fake News. A partir daí pensei em levar para a sala de aula uma dinâmica de educação midiática que contribuísse para que os meus alunos das turmas do 8º ano entendessem os fundamentos da checagem dos fatos e desenvolvessem habilidades de análise, capacidade de diálogo e espírito crítico.
Eu e as/os estudantes do Projeto Sustentabilidade pesquisamos várias experiências de educação midiática e acabamos optando por desenvolver um jogo que permitisse a apuração da veracidade dos fatos e notícias, por meio de um guia de checagem de fatos e de fake news que nós elaboramos. Alunas e alunos tinham acesso a um kit de material impresso contendo as regras do jogo, um guia de checagem de fatos com um roteiro de dicas de pesquisas para autoria de veracidade de fatos, confiabilidade de fontes e sites de notícias, e cartões com sete notícias verdadeiras, falsas ou distorcidas.
Dinâmica do jogo
O jogo foi aplicado pelos alunos do Sustenta nas 7 turmas do 8º ano, divididas em 6 a 8 grupos de 4 alunos. Depois da apresentação da proposta da dinâmica à sala, cada grupo recebeu um kit do jogo. Todos os alunos foram autorizados a utilizarem dispositivos móveis (smartphones, tablets ou notebooks) para a atividade. Em seguida, os objetivos do jogo foram apresentados para os grupos, e deu-se início à dinâmica.
Cada aluno do grupo escolheu aleatoriamente uma das notícias para checagem da veracidade. Os estudantes precisaram navegar na internet e fazer pesquisas para averiguar se o que havia sido relatado na notícia do cartão escolhido estava adequado. Nesse momento, eles puderam consultar o Guia de Checagem de Fatos (link abaixo) para identificar ferramentas úteis e estratégias de sondagem.
Depois de concluir a verificação, os integrantes de cada grupo compararam seus resultados, discutiram e tomaram uma decisão coletiva em relação a cada notícia apresentada. No final, cada grupo apresentou para toda a sala um relatório com identificação das notícias verdadeiras, falsas e distorcidas, com o objetivo de garantir que a informação apropriada e de qualidade chegasse a todos.
As discussões promovidas pelos grupos, sob a mediação dos alunos do Sustenta, foram bastante ricas e protagonizadas pelos próprios estudantes, com necessidade mínima de intervenção do professor. O resultado do jogo era menos importante que o ato de procurar e checar notícias. O principal propósito era o método.
Além disso, esperava-se que os estudantes se apropriassem das ferramentas e habilidades propostas nesta atividade e se transformassem em multiplicadores de ferramentas de combate à desinformação e às notícias falsas (Fake News) tão nocivas para a nossa jovem democracia brasileira.
Tal experiência educacional foi muito importante para o entendimento da relevância da qualidade da informação à qual todos nós temos acesso; de que não há cidadania plena sem acesso democrático à informação de qualidade. Como professores e professoras, nosso compromisso é garantir a formação educacional, crítica e cidadã dos nossos educandos. Missão cumprida.
Link da atividade:
https://docs.google.com/document/d/1UhQYXoRadLPMderCp4xu389lFnIyIywt9tPWeuWxywg/edit
Colaboração e aplicação da atividade, alunos do Sustenta: Thiago Henrique Santos Giorgi (8°F); Lucas Klingelfus Pinheiro Sarabando Simões (8°F); Bruna Marques Togneri ( 8°B); Olivia Bottini ( 8°F); Isabela Rodrigues Paiva (9°E); Luana do Amaral Martines ( 9°E); Clara Pisano Apollo ( 9°B); Felipe Ahlers Lorenzato Xavier ( 9°B).
