Educação Infantil

O enfrentamento e a resolução de conflitos na primeira etapa da vida escolar

Viver as primeiras situações de “atrito” na escola são experiências fundamentais na primeira infância; você sabe por quê? Falamos aqui na última semana sobre o valor das competências socioemocionais no 1º ano, e trazemos neste artigo outras abordagens no contexto da Educação Infantil

Autoria: Gabriela Marques – Professora do Jardim II

Desde a infância até a vida adulta nos deparamos com situações simples até as mais complexas, que precisam ser pensadas, resolvidas e ajustadas. O uso de habilidades socioemocionais desenvolvidas na primeira infância torna-se essencial para um convívio social saudável e harmonioso entre as crianças.

Segundo *Piaget, o desenvolvimento cognitivo de uma criança ocorre quando ela se depara com um conflito. Seja por uma disputa de brinquedo ou de espaço durante jogos e brincadeiras, até mesmo quando ela se sente incapaz de executar uma tarefa proposta ou, ainda, diante de uma “situação-problema não numérica” que precisa ser pensada para ser resolvida. Os conflitos provocam instabilidade, motivação, desordem, mas também mobilizam o pensamento estratégico em busca de uma solução.

Por meio deste pensamento estratégico e de uma comunicação assertiva, a criança se expressa, expõe o seu ponto de vista, aprende a ouvir e é escutada também. Ao buscar soluções para os problemas, adquire repertório para lidar com situações que vão se repetir muitas vezes ao longo da vida. Nesse processo, meninas e meninos estão em constante desenvolvimento da escuta, da tolerância, da empatia, resiliência e flexibilidade, além de terem a chance de vivenciar e exercitar a diversidade e a inclusão.

Cabe a nós, adultos no papel de mediadores, encorajar a criança a pensar de forma ativa e autônoma, em qualquer situação, além de oferecer o suporte necessário para que ela verbalize e escute o outro. A pergunta que cabe fazer a elas é: “como podemos resolver isso”? 

Uma outra estratégia que adotamos aqui no Santa Maria para auxiliar nossas crianças é apresentar o conceito matemático. De que forma? Existem situações que chamamos de “não-numéricas”, como por exemplo: ao organizar os tapetes da sala de aula de forma que comporte todas as crianças sentadas, elas aprendem a formular hipóteses, a criar e testar soluções, explorando algumas estratégias pessoais e desenvolvendo habilidades que possam ajudá-las a resolver a questão do espaço.

Segundo a educadora e psicóloga nipo-americana *Constance Kamii, uma criança que pensa ativamente à sua maneira, incluindo quantidades, inevitavelmente constrói o conceito de número, e o conflito cognitivo torna-se necessário à reestruturação do raciocínio, contribuindo para o seu desenvolvimento integral.

Saiba Mais!

Dona de uma vasta obra literária, tanto no campo da psicologia da aprendizagem quanto no desenvolvimento curricular da primeira infância, Constance Kamii foi uma das pensadoras que mais se destacaram a promover e adaptar o pensamento de Jean Piaget à educação.

Jean Piaget foi um psicólogo suíço conhecido por suas contribuições para a teoria do desenvolvimento cognitivo infantil. Vem dele a ideia de que o aprendizado é construído pelo aluno, e sua teoria deu origem à corrente construtivista. Para Piaget, educar é provocar atividade, ou seja, é estimular a procura do conhecimento. Sua abordagem influenciou significativamente a educação e a psicologia do desenvolvimento.

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