Linguagens

O paulistano e o seu paulistanês

O povo de São Paulo tem sotaque? Tem, sim senhor!

Autoria: Rita Sógi – Professora de Língua Portuguesa

São Paulo é a principal e maior metrópole do país. Reconhecida internacionalmente por sua gastronomia, lazer, arte, vida noturna bem agitada e museus incríveis (é claro que vou puxar sardinha para minha área, não iria deixar passar a oportunidade: SP abriga o único museu dedicado a uma língua pátria: O Museu da Língua Portuguesa).

Poderia ficar aqui por várias linhas apresentando as qualidades de Sampa (para os íntimos). Entretanto, prefiro destacar uma delas: o jeito de falar próprio do paulistano, quase formando um dialeto: o carinhoso e popular “paulistanês”.

Há quem diga que os falantes de São Paulo não têm sotaque. Erraram! Temos sim. Nosso jeito peculiar de apresentar o r surdo. Como assim? Assim: brincar é pronunciado quase como brin. Nos bairros mais afastados do centro, a pronúncia do r já começa a se aproximar do r do interior, o famoso porrrta.

Orra, meu, não é que temos sotaque! Peraí que há mais, as mina pira!

Palavras como cidade e leite são pronunciadas cidadji e leitchi, graças à palatalização do d e do t, quando vêm antes das vogais e/i.

E não é incomum ouvirmos por aí falas do tipo: “me vê dois chops e dois pastel” (a concordância nominal que nos desculpe, mas é uma marca bem sutil de nossa fala).

Mano do céu, é verdade! Admitamos: São Paulo tem sotaque!

Nossa capital foi formada com a ajuda de muitos povos: indígenas, portugueses, africanos escravizados (marca triste em nossa História…), italianos, sírios e libaneses, japoneses, bolivianos e tantos outros. Sem deixar de lado a rica contribuição dos brasileiros que vieram do Nordeste para a capital paulista. A consequência foi que em cada canto da cidade surgiu uma marca característica no falar e na ampliação de vocabulário.

Consequência ainda maior: Sampa é um caldeirão, com tudo junto e misturado. E todo mundo se entende.

Na Semana Padre Moreau, que aconteceu no mês de setembro, os alunos do 9º ano, orientados por mim, Professora Rita Sógi, de Língua Portuguesa, trouxeram algumas dessas influências na fala do paulistano e algumas palavras que a nossa gente captou e usa cotidianamente.

Apresentaram a influência indígena do tupi-guarani, dos italianos, africanos, sírios e libaneses, japoneses, sem se esquecerem da influência do inglês, of course!

Criaram jogos artesanalmente e com materiais reutilizáveis que verificavam e ampliavam os conhecimentos adquiridos dos visitantes.

Ao final, todos assistiram a um vídeo também feito e editado pelos alunos, mostrando toda a mistura que forma o paulistanês.

Há quem jure que ouviu os mais velhos usando algumas gírias e expressões puxadas da memória e se divertindo.

Você não vai ficar aí dando uma de migué, não é mesmo? Se ainda não se convenceu da existência do paulistanês, saiba que, mano, cê tá moscandoCola aqui na nossa que vai se dar bem, tipoNa moral!

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