Saber ouvir as crianças faz parte do trabalho pedagógico da Educação Infantil no Santa Maria; dar liberdade para que elas expressem seus desejos e emoções é um processo que valida o sentimento delas e estimula a autoconfiança e o desenvolvimento
Autoria: Ana Karla da Silva – Professora do Infantil
“Quais são os ‘essenciais’ da infância? Podemos, talvez, descobri-los por meio dos sonhos das crianças, das suas emoções, das falas dos seus corpos, dos seus desejos, das suas resistências, dos seus temperamentos, dos seus valores. O segredo está em aprender a escutar e ler essas falas”.
Adriana Friedmann
Assim como a antropóloga Adriana Friedmann sugere, acredito que um dos objetivos da educação é aprender a escutar as crianças. São possibilidades que surgem de uma infância bem vivida e que estão entrelaçadas com seus desejos, suas expectativas e seus suspiros.
Para Piaget, um dos pensadores mais importantes do desenvolvimento infantil do século XX, a criança é vista como um ser dinâmico, sempre interagindo com o mundo ao seu redor e, nessa interação, ela anseia pelo conhecimento e vive o que chamamos de encanto da espera e da expectativa, impulsionada pela curiosidade, criatividade e capacidade de questionar. Nesse exercício de desejar, ela aprende sobre si mesma, sobre seus pares e o mundo.
A abordagem chamada de “assimilação-acomodação-equilibração”, proposta por Piaget, envolve um equilíbrio que representa um aperfeiçoamento em suas ações e níveis mais complexos de organização das experiências. Isso significa que, ao se deparar com algo novo que a desafia, a criança é motivada a buscar um novo equilíbrio. Nessa procura, ela tem a oportunidade de crescer e se desenvolver.
As palavras, emoções, desejos, resistências e persistências das crianças validam seus conhecimentos e ajudam a desenvolver a autoestima, autoconfiança, autorregulação e, principalmente, a capacidade de pensar por si próprias.
Assim, por mais que este processo pareça desafiador, é fundamental entender que cumprir regras, deveres, combinados, estabelecer limites e cometer erros são maneiras de ajudar a criança a aprender a lidar com suas próprias frustrações, a organizar seus pensamentos e a “nomear” seus sentimentos. Vai auxiliá-la a desenvolver habilidades nas áreas emocionais, afetivas e cognitivas.
Em resumo, desejo que as crianças tenham sonhos, coragem, planos, que vivenciem aprendizagens individuais e coletivas, que entendam que estar junto é aprender a compartilhar, a ouvir, esperar, se arriscar, a lidar com a frustração, respeitar e compreender os limites, tanto os próprios quanto os dos outros.