A curiosidade e o medo de alguns bichos que habitam o espaço do Colégio Santa Maria e o mundo em que vivemos passaram a fazer parte do cotidiano de uma turma de crianças de três a cinco anos.
Autoria: Fernanda Miura, professora do Jardim II da Educação Infantil do Colégio Santa Maria.
“Um bicho aqui! Tem asas!”, diz Maria Isabella.
“É… deve ser um besouro!”, responde Tomás V.
“Socorro!” – algumas crianças saem correndo…
“Uma formiga! Isso aqui nela parece asa!”, observa Benjamin.
“Olha! Uma… uma…”, fala Gabriel, tentando lembrar o nome. “É uma maria fedida!”
“Não, não! Eu acho que é uma joaninha!”, lembra Sofia.
Assim, entre brincadeiras e provocações, as crianças do Jardim II do Colégio Santa Maria entraram em contato com seres minúsculos, e o medo se transformou em curiosidade, em desejo de aprender.
Apresentamos aos pequenos alunos a história de Maria Sibylla Merian, que estudou insetos por meio de pinturas que ela mesma fazia, um método científico muito importante para a época [a cientista nasceu no século 17]. Provocadas pela narrativa e pelo contato com a natureza na Escola, as crianças começaram a observar de perto cada pequeno bicho ao redor.
Que tal brincar de Maria Sibylla? As crianças estavam encantadas pelo desafio de se tornarem cientistas ao caminharmos pelo Colégio com prancheta, folha e lápis nas mãos à procura de bichos para registrarem o observado.
Aranhas, formigas e besouros eram todos insetos, segundo as hipóteses levantadas. Ao longo das pesquisas, descobrimos que aranhas não são insetos, possuem oito patas, como os aracnídeos! Foi uma grande descoberta, que levou meses para chegarem a essa conclusão. A investigação foi realizada por meio da observação de aranhas nos espaços externos do Santa Maria.
Aranha colhida no arbusto da escola 1
“Miura! Miura! Olha o que eu encontrei! Pega para observarmos!”, Antonio grita saltitante no meio do arbusto.
“Ela está morta!”, gritam Matteo e Maria Luísa.
“Precisamos observar para ter certeza!”, diz Matheus R.
“Não é aranha, não tem quatro patas!”, debate Tomás V.
Parcerias estabelecidas
Adriano, do setor da limpeza, sabendo da curiosidade da turma por “bichinhos”, encontrou uma lagarta e a levou para as crianças. Ganhamos muito quando no espaço escolar todos se colocam como parte do desenvolvimento das crianças!
Lagarta pequenina
Havíamos encontrado diversas lagartas, mas essa era especial por ser semelhante a uma lagarta pequena que chamou a atenção de todos no dia anterior. Parecia que era a mesma e havia crescido!
Lagarta que nosso amigo Adriano colheu
Observação da lagarta – 1º dia
Colocamos a lagarta que Adriano trouxe em um pote para observarmos.
Lagarta – 2º dia
No segundo dia, os pequenos cientistas achavam que a lagarta havia ficado dura e esticadinha.
“Acho que morreu! Alguém pisou nela!” disse Benjamin.
Lagarta – 3º dia
No terceiro dia, a lagarta estava pendurada no alto do copo e diferentes hipóteses foram levantadas.
Observação – Benício
“Ixi! Ela deve estar com sede!”, disse Benício.
“Não! Ela está virando um casulo igual no livro”, debate Mateus C. referindo-se à história “Uma Lagarta Muito Comilona”.
“É sim! As lagartas viram casulo e depois borboleta!”, confirma Matheus R.
Enquanto a lagarta sofria a metamorfose em seu corpo, assistimos a documentários e vídeos sobre a transformação da lagarta. Pudemos pesquisar sobre o que estava acontecendo e validar hipóteses.
Nesse contexto de investigação, desejamos que, em um futuro bem próximo, a ciência seja valorizada e as crianças sejam respeitadas no seu tempo de aprender, de ouvir e falar, de construir seu pensamento baseado em pesquisa. E como disse Manoel de Barros, um sábio poeta, a prezar valores importantes sobre a natureza, o tempo e o quintal.
“Prezo insetos mais que aviões.
Prezo a velocidade das tartarugas mais que a dos mísseis.
Tenho em mim esse atraso de nascença.
Eu fui aparelhado para gostar de passarinhos.
Tenho abundância de ser feliz por isso.
Meu quintal
É maior do que o mundo.”
(Manoel de Barros)