Além dos Muros da Escola

Pesquisando sobre migrações e história familiar

Conhecer a própria história é tão importante quanto aprender sobre a História Universal.

Autoria: Rodrigo Valente, professor de História do 9º ano do Ensino Fundamental do Colégio Santa Maria.

Imagine descobrir que seu bisavô partiu do Japão rumo a um distante Brasil, fugindo da 2ª Guerra Mundial. Ou que lutou na Guerra Civil Espanhola e acabou obrigado a escapar de seu país rumo ao nosso, após a vitória do ditador Francisco Franco. Ou pior, que seus antepassados judeus foram vítimas do Holocausto na Alemanha e na Bélgica, antes de migrarem para cá. Estes e muitos outros episódios foram revelados pelo trabalho de História do 9º ano do Colégio Santa Maria: Migrações e História Familiar.

Realizado no terceiro bimestre, o trabalho aproveita o estudo do fenômeno das migrações no Brasil entre os séculos XIX e XX, para que os estudantes conheçam um pouco da própria história, através de um processo de pesquisa com familiares e na internet. Além das informações obtivas com os próprios parentes, o estudo orienta os alunos para que descubram, por meio dos diversos sobrenomes de sua família, especialmente aqueles que não chegaram até eles, as origens nacionais e étnicas de seus antepassados. Além disso, acaba sendo interessante ver os estudantes descobrindo o significado de seus sobrenomes, possíveis mudanças em alguns deles ou que podem ter ascendência espanhola, alemã ou russa, o que antes não faziam ideia.

Ao final, o resultado é um interessante processo de pesquisa que apresenta aos alunos muitos elementos de suas próprias origens familiares e, de quebra, os faz refletir sobre como todos os acontecimentos históricos estudados ao longo do 9º ano podem estar diretamente relacionados à sua própria história. Por último, ainda cabe ao trabalho problematizar o histórico processo de apagamento de muitas de nossas raízes indígenas e africanas.

Até não muito tempo, a aprendizagem da História era centrada apenas no conhecimento dos grandes personagens e acontecimentos. Nas últimas décadas, porém, felizmente o componente passou a olhar com mais atenção para a história das pessoas comuns e da vida cotidiana, inclusive porque estudar a própria história é tão importante para qualquer indivíduo quanto conhecer a História Universal.

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