Cerca de 120 educadores de todo o Estado de São Paulo estiveram reunidos no 26º Seminário de Educação Infantil, realizado pelo Prisma – Centro de Estudos do Colégio Santa Maria. Convidados especiais levantaram questões sensíveis da prática em sala de aula, por meio da música, da poesia e da contação de histórias.
Autoria: Alessandra Seidenberger – Departamento de Comunicação do Colégio Santa Maria
A “inspiração” foi o fio condutor do 26º Seminário de Educação Infantil deste ano no Colégio Santa Maria. Logo pela manhã, no início do evento, havia muitas pessoas reunidas em torno de uma dupla de músicos: Thiago França, que atua no Instituto *OMP como educador musical, e Carolina Nagayoshi, arte educadora social, cantora e atriz.
Foram eles que embalaram a entrada de todos os participantes até o quiosque do prédio da Educação Infantil, um espaço onde acontecem diversas atividades lúdicas com as crianças do Santa Maria.
A música é uma inspiração para a aprendizagem?, pergunto.
“Essa afirmação é até uma redundância para mim porque eu aprendo cantando. Tem uma questão cognitiva que faz com que a aprendizagem aconteça através da repetição, do movimento e da dança, simultaneamente. Por isso eu acredito que tudo o que a gente aprende por meio da música, a gente aprende melhor” ( Carolina Nagayoshi ).
“Falando da Educação da primeira infância, especificamente, as linguagens artísticas como dança, música, pintura, são muito naturais para as crianças. E toda as vezes que a gente se reconecta com essas expressões, nos sentimos mais plenos porque ninguém vive sem arte. E não é só no sentido de entreter, mas de estruturar porque nossa psique não tem condições de lidar com o mundo sem as linguagens artísticas” (Thiago França).
Foi nesse “ritmo” e em um cenário de muito verde e de puro contato com a natureza, que aconteceram as dinâmicas e os movimentos necessários para que houvesse muita troca entre os participantes.
Professora de pós-graduação do Instituto Singularidades e doutora em Educação pela PUC/SP, Alice Proença foi uma das palestrantes convidadas para refletir sobre a abordagem Reggio Emilia, cuja metodologia tem um olhar para as habilidades, curiosidades e interesse das crianças na construção de sua aprendizagem.
“A criança não se encanta pela escola prescritiva, com um material pronto, onde ela tem que mergulhar naquilo que está posto. Ela precisa de alguém que escute, que dê valor, mas, principalmente, adultos que tenham interesse em ouvir o que ela quer dizer, sem avaliar, que se encantem com aquilo que ela está falando”, concluiu Alice Proença, autora dos livros Prática Docente e O Registro e a Documentação Pedagógica.
Pausa para um filme!
A exibição do curta-metragem Aniversário da Terra, baseado no livro de poemas de mesmo nome, de André Gravatá, foi um momento de grande inspiração por meio do uso da palavra, uma das especialidades deste poeta e escritor, que também é educador e colunista do UOL.
Junto com o diretor João Gabriel Hidalgo, André mediou uma conversa emocionante com a plateia e sua família, que também participou da produção do filme: a esposa e ilustradora Serena Labate, e a mãe dele, Joseja Gravatá, que atuou no curta fazendo o que mais sabe: costurar. Ambientado no sertão da Bahia, Aniversário da Terra levou a plateia do seminário a um momento de reflexão e de memórias da infância. Cumpriu o propósito de “inspirar”!
Veja um trecho do filme.
Adultos também gostam de ouvir histórias!
Uma palestra aqui, um filme ali, e um grande grupo ao redor de uma especialista na arte de contar histórias! Exatamente como ficam as crianças na hora que a professora está fazendo uma narração, usando objetos que prendem a atenção dos seus alunos. A convidada para essa contação cheia de encantamento foi a também arte educadora Elaine Gomes, com 32 anos de carreira docente e diversos livros publicados.
“Essa troca que estamos tendo aqui é um caminho que tende a melhorar a qualidade da educação; independentemente do professor ser de uma escola pública ou particular, compartilhar práticas é sempre uma forma de descobrir coisas novas”, disse Leila Monteiro, arte educadora, uma das participantes do Seminário.
Para fechar o evento abordando questões ligadas à *antroposofia na educação, Paula Levy, pedagoga e mestre em Educação pela Universidade de São Paulo, convidou todo o grupo a colocar a mão na massa para a produção de luminárias. Em um gesto simbólico, a finalização do Seminário foi marcada pela saída de todos os participantes com as luminárias acesas. Uma “caminhada iluminada”, exatamente como deve ser o processo de educar.
“A origem da palavra Seminário vem de ‘semear’. Este é o nosso desejo – semear, provocar, compartilhar. É para marcar e reiterar esta posição que nesta 26ª edição tivemos como fio condutor a Inspiração… Que vem dos compartilhamentos, das referências teóricas, de múltiplas abordagens, das várias linguagens e das práticas de vários educadores e educadoras”, conclui Suzana Torres, que há 10 anos está à frente da coordenação do Prisma.
Saiba Mais:
* O Instituto OMP (Olinto Marques de Paulo) é uma organização social fundada há 17 anos para gerar transformação social por meio da educação, cultura e meio ambiente, através da formação e desenvolvimento das potencialidades humanas.
*A Antroposofia – criada pelo alemão Rudolf Steiner em 1912 – é um método de conhecimento da natureza, do ser humano e do universo, que amplia a visão do método científico convencional. Sua aplicação foi desenvolvida em praticamente todas as áreas da vida humana (Artes, Ciências Biológicas, Exatas e Humanas).