Projeto África-Brasil: Cultura Afro-Brasil – O Legado de um povo
Autoria: Professores do Ensino Fundamental II do Colégio Santa Maria.
“De onde você vem?
Qual é a sua raiz?
E o que te faz feliz? ”
(Saulo Fernandes)
O continente africano é conhecido por sua pluralidade étnica e cultural, por uma história milenar marcada por uma série de importantes civilizações, reinos e impérios. Ao contrário do que pensa o senso comum, toda esta riqueza dialoga com a história dos demais continentes, e ter consciência dessa pluralidade cultural é fundamental para não estigmatizar as culturas africanas, reduzindo-as a uma “história única” como aponta a escritora nigeriana Chimamanda Adiche.
Esta consciência também é fundamental para que possamos compreender a nossa própria cultura e sua diversidade, na medida em que ela é, em grande parte, tributária dos diversos povos africanos que para cá vieram. Por isso, o 7º ano tem em seu projeto da série, a realização de um estudo sobre a influência dos povos africanos e a contribuição deles na história do Brasil, em especial no campo das artes plásticas, da literatura, da música e das formas de expressão corporal.
Nesse sentido, o projeto África-Brasil busca, a partir de uma abordagem interdisciplinar (Língua Portuguesa, Artes, Educação Física e História), trabalhar os diversos aspectos das culturas africanas e seu impacto na formação de nossa identidade.
O ponto de partida do projeto foi feito no primeiro bimestre em Língua Portuguesa, com a leitura de Contos de Moçambique, uma coleção de contos orais moçambicanos, que foram escritos e adaptados por Luana Chnaiderman, a partir da viagem do fotógrafo Christian Piana ao país africano. As histórias recolhidas em registros fotográficos e orais puderam dar aos alunos a noção de como o uso do fantástico e das alegorias ajudaram a escrever um repertório literário que carrega a grandeza de ensinamentos universais, como o respeito aos idosos, à família e ao trabalho.
Ao mesmo tempo, os alunos foram convidados, em História, a explorar e conhecer as sociedades africanas e suas histórias. O ponto de partida foi justamente o texto de Chimamanda Adiche e a problematização do olhar que temos para a história desse continente. A partir daí buscou-se explorar mais a fundo algumas sociedades africanas do período medieval.
Nas aulas de Arte, os alunos puderam conhecer a pluralidade de elementos africanos, entre eles: máscaras, esculturas, pinturas e tecelagem. Após o estudo do Bógòlanfini (tecido de algodão de origem malês feito à mão e tradicionalmente tingido com lama fermentada) com suas cores e formas exuberantes e do Dashiki (roupa
colorida que cobre a metade superior do corpo, usada principalmente na África Ocidental), os alunos fizeram uma colagem com elementos geométricos, presentes nas diferentes composições da tecelagem africana e, posteriormente, a releitura desses tecidos/roupa para a criação da sua indumentária usada na dança da Festa Junina; tudo com criatividade e muita tinta. Desta etapa, resultaram criações autorais que refletiam suas escolhas e parâmetros artísticos.
A partir daí, com o aprofundamento dos aspectos históricos, culturais e artísticos, as contribuições da Educação Física levaram os alunos a uma reflexão e também a uma ação, no que se refere à origem de algumas danças típicas de países do continente africano. Isso tudo por meio do estudo e reconhecimento de seus movimentos, ritos e ritmos específicos de influência na nossa cultura. Nesse sentido, foi proposta uma atividade chamada “Oficina do Corpo” para que os alunos realizassem algumas aulas de ritmos e movimentos na sala de dança do colégio. Todos tiveram acesso a diferentes danças tradicionais de países do continente africano, explorando a musicalidade, os sons e os movimentos característicos. A vivência na Oficina do Corpo, dentro do espaço escolar, favoreceu a criatividade, além de contribuir no processo de construção de repertório e ampliação de conhecimentos.
Após esta longa jornada, a criação da coreografia nas aulas de Ed. Física criou possibilidades e experiências corporais e rítmicas, que com muita alegria e empolgação resultaram em uma linda apresentação na nossa Festa Junina.