Em um ano atípico, turmas das séries iniciais trilharam firmemente seu percurso rumo à alfabetização.
Autoria: Gisele Coli, professora do Pré da Educação Infantil do Colégio Santa Maria
Antes de responder à pergunta do título acima, penso que uma retrospectiva do que foi o ano de 2021 seria interessante para entendermos o percurso das crianças. Primeiramente, relembrar o tempo de distanciamento, das aulas híbridas e das aprendizagens mediadas pelas telas, permeado por um currículo que antes era estritamente presencial e passou a ser vivido remotamente.
Foi um tempo de lidar com o ideal, o real e o possível. Ideal ao cuidarmos do retorno gradativo, dos vínculos afetivos, das interações e protocolos de segurança. Real quando, a partir das sondagens diagnósticas, identificamos saberes e pontos de investimentos. Possível, à medida que olhamos para cada turma com “olhos de primeira vez” e planejamos boas práticas pedagógicas para darmos conta das demandas e fragilidades.
E nesse movimento espiral entre ideal, real e possível, trouxemos as diferenciações pedagógicas, as duplas de trabalho, os grupos colaborativos, as lições de casa, as propostas brincantes e projetuais.
Trocando em miúdos
As crianças, inicialmente, viveram o pertencimento à cultura escrita, seu sentido e significado. Depois, brincaram com letras no campo, quadras, placas dos carros. Fizeram registros e trabalharam com cadernos. Identificaram e nomearam as letras do alfabeto e do “mundo”.
Em seguida, viveram experiências com atividades e jogos da consciência fonológica, descobriram as partes das palavras – as sílabas. Trouxeram os nomes dos amigos e da organização do dia (lista de tarefas da rotina) como referência para as primeiras hipóteses de escrita, um registro autoral.
E nesse movimento de ir e vir, nossos pequenos estudantes, num exercício metacognitivo, viveram a escrita como prática cultural. Práticas relacionadas aos registros de autoria das aprendizagens dos projetos, das pesquisas e investigações, situações nas quais foram provocados a criarem legendas para os trabalhos gráficos com a intenção de comunicar e compartilhar saberes.
Autoria também que convidou cada sujeito à leitura, leitura da imagem, da palavra e do mundo, pois como diz Paulo Freire: “A leitura do mundo precede a leitura da palavra”.