Oficina de Relações Internacionais desenvolve estudos aprofundados de fatos históricos; participantes descobrem o que está intrínseco em conflitos mundiais e atuam em diversos papéis nas simulações.
Autoria: Marcos Iki, professor de Filosofia do Ensino Médio
Um dos cursos oferecidos pelo Ensino Médio do Colégio Santa Maria é a Oficina de Relações Internacionais, que tem como uma de suas metodologias centrais o exercício de simulações que buscam recriar eventos históricos, colocando estudantes no lugar dos agentes desses processos. Trata-se de uma ferramenta pedagógica que é usada em diversas instituições de ensino por seu caráter lúdico, pelo engajamento que estimula e pela possibilidade de aprofundar o estudo de contextos históricos e políticos que eventualmente não são de conhecimento de alunas e alunos.
A primeira iniciativa dos alunos e alunas é a de tentar mudar o rumo da história. Este impulso não deve ser perdido: a ação humana se lança para o indeterminado, e pensar que a história poderia ter tido outro desdobramento é um exercício que leva a aprendizagens bastante significativas. A pergunta seguinte é igualmente fundamental: o que impediu que ela ocorresse de modo distinto?
Aqui são mobilizadas uma série de reflexões dos campos da História, Geografia, Ciência Política e propriamente das Relações Internacionais. Quais eram os conflitos, interesses e dinâmicas que permeavam o evento estudado? Qual o papel – e os limites da ação – dos organismos internacionais nos acontecimentos? Que personagens, momentos ou posições específicas foram centrais para o que veio a acontecer na sequência?
Ao se verem na situação de defender a posição de uma nação específica, alunas e alunos se deparam com questões até então inesperadas. Percebem que há racionalidade por parte de agentes com frequência deslegitimados na mídia tradicional; que é muito mais difícil acessar informações acerca de países com menor peso geopolítico – mas que suas colocações são igualmente válidas e que com frequência esclarecem mais sobre o conflito que a de grandes atores internacionais; que nos fóruns internacionais há discursos pacíficos que escondem violências, e discursos violentos com denúncias legítimas.
Parte do papel da e do docente nesses cursos está em buscar conflitos reveladores de questões profundas das relações internacionais; em oferecer paradigmas de interpretação úteis para problematizar esses posicionamentos; em oferecer subsídios para o debate e promover uma reflexão rica uma vez que ele tenha se desenvolvido. Rigor e ludicidade se complementam aqui: saem-se melhor no debate as delegações que pesquisaram mais e buscaram apresentar suas posições com maior clareza e melhor leitura da situação – sobretudo quando os eventos saem do roteiro esperado.
A atividade é sobretudo bem-sucedida quando acaba como a primeira que fizemos no curso este ano:
– Professor, posso fazer uma pergunta?
– Claro!
– Quando será a próxima simulação?