Linguagens

Teatro na escola – uma porta para o sonho

O curso Oficina de Teatro está entre as opções das unidades eletivas do Novo Ensino Médio – trabalhar corpo e mente de uma forma integrada, além da diversidade da imaginação e do pensamento, é o que norteia as aulas; a inserção dos estudantes em atividades culturais os capacita a exercitar suas escolhas.

Em nosso último post aqui no Portal Caleidoscópio, falamos de teatro e da adaptação de um dos clássicos de William Shakespeare, numa perspectiva que colocou luz sobre a importância de se trabalhar habilidades interpessoais com os alunos.

A partir daqui você vai saber um pouco mais como o Novo Ensino Médio está capacitando estudantes de uma das eletivas mais procuradas no segmento.

Autoria: Rita Pisano – Professora de Teatro e Criação Artística no Ensino Médio

“Há quem diga que todas as noites são de sonhos.
Mas há também quem garanta que nem todas, só as de verão.
No fundo, isto não tem muita importância.
O que interessa mesmo não é a noite em si, são os sonhos.
Sonhos que o homem sonha sempre, em todos os lugares,
em todas as épocas do ano, dormindo ou acordado.”

William Shakespeare

O curso Oficina de Teatro começou este ano num movimento de esperança e retomada mais definitiva das aulas presenciais. Nas aulas, experimentamos o teatro como possibilidade de criação, pensamento e reflexão sobre o mundo e sua complexidade. Essa experimentação envolve colocar o aluno “ativo” nos jogos e propostas de criação, levando os participantes a pensarem no movimento de observar fora (o mundo, o cotidiano, os colegas) e verificar dentro de si como toda essa diversidade o afeta, permitindo que cada um possa ganhar novos espaços de pensamento e relação.

Ampliar o repertório estético dos alunos, instrumentalizando-os a assistir montagens teatrais, visitar exposições de arte, cinema e etc (temos em todas as aulas uma roda de indicações culturais), assim como ler textos dramáticos, improvisar a partir de jogos são também objetivos importantes deste componente que pretende instigar cada estudante a conhecer mais da linguagem cênica (quais elementos a constituem, qual a dinâmica de um evento teatral, qual espacialidade que ela exige e porque, qual a sua contextualização na contemporaneidade). Este exercício possibilita cada um a exercitar, desde diferentes olhares de fruição estética à criação de cenas complexas em aula, ampliando assim a capacidade de relacionar conhecimentos prévios àqueles que forem adquiridos durante o curso e, assim, estabelecer relações pessoais, possibilitando outras leituras do ser humano e da sociedade, exercitando em cada um a prática de compreender o seu processo de crescimento e as possíveis relações com seu contexto histórico.

Héctor González nos diz: “A dramatização abre um campo de experiência por meio do qual qualquer indivíduo pode explorar, procurar, descobrir, rastrear, recuperar, acender às formas expressão que enriqueçam sua relação com tudo que o rodeia. Dramatizar é acionar uma situação imaginária. Ao fazê-lo, colocamos em jogo, num plano simbólico, nosso repertório de experiências vitais. Jogamos com nossas percepções, nossas sensações, nossos pensamentos; com nossas lembranças, sonhos e fantasias; com nossos temores, nossas certezas, nossas ilusões. Nós mesmos nos pomos em jogo: corpo, afeto e intelecto integrados como instrumento da nossa expressão“.  Perceber que o corpo e a mente trabalham juntos e que a diversidade de imaginação e pensamento enriquecem o processo de aprendizagem são os eixos que norteiam o caminho que seguimos no curso de Teatro.

O objetivo principal da escolha de TEATRO como componente eletivo se dá pela vontade de misturar os alunos de diferentes itinerários e séries num mesmo grupo de criação, a fim de ampliar as possibilidades de referências do grupo.  A ampliação do repertório cênico e a inserção nas atividades culturais da cidade capacitam o aluno a exercitar escolhas, a se colocar com clareza, a decifrar os signos e simbologias, relacionar conteúdos e criar histórias; habilidades essas que são demandadas pela escola e na vida dos estudantes, e estar num coletivo diverso contribui para esse objetivo inicial.

Por fim, mas não menos importante, o curso de Teatro busca o exercício do imaginário para além dos limites daquilo que é dito como “correto” ou “esperado”, por isso muitos exercícios de improviso, retórica e situações-problema são apresentados à turma. A inspiração vem de uma frase de Guimarães Rosa que diz: “O mais importante e bonito do mundo é isso: que as pessoas não estão sempre iguais, mas que elas vão sempre mudando.” Fazer os estudantes perceberem novas possibilidades de pensamento (e de perceberem que podem mudar a sua própria maneira de pensar) auxilia no exercício da empatia cotidiana e pode, com o tempo, aprofundar as relações complexas que o mundo nos apresenta, como tantas que temos enfrentado cotidianamente.

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