A teoria explica e a prática confirma que relações afetuosas têm reflexo positivo com as crianças na escola.
Autoria – Gisele Coli Nahime, professora do Pré da Educação Infantil do Colégio Santa Maria
Quando chegamos a um lugar novo, queremos pertencer a ele, fazer parte do grupo, nos reconhecer dentro e fora dele. O mesmo acontece com as crianças, então, imagine-se no lugar delas, entrando em um ambiente diferente, com pessoas novas.
É algo difícil e desafiador, por isso, na Educação Infantil do Colégio Santa Maria, desde o primeiro dia, o processo de aprendizagem começa com observar, conversar, identificar interesses, brincar junto, conectar-se pelo olhar, pelo gesto caloroso, pela curiosidade em conhecer e explorar os materiais e os espaços que compõem esse novo ambiente.
Sabemos que o papel do professor e dos pares é fundamental, pois o afeto envolvido, imprescindível nas relações humanas e no processo de ensino-aprendizagem, ajuda a tornar a escola um espaço de convivência agradável entre todos.
Afeto = efeito positivo
Conforme os vínculos se fortalecem, as relações se tornam mais próximas, a cumplicidade, a vontade de estar junto e, com isso, a preocupação sobre a aceitação do outro deixa de existir, a expectativa diminui e o cérebro fica aberto para fazer novas conexões e aprendizagens, fica irrigado de neurotransmissores do bem-estar, dopamina e serotonina.
Em um de seus livros, o professor Arno Engelmann reflete sobre o assunto: “São as relações sociais, com efeito, as que marcam a vida humana, conferindo ao conjunto da realidade que forma seu contexto (coisas, lugares, situações, etc) um sentido afetivo”.
Cabe reforçar que a afetividade não é pura e simplesmente toque físico, mas também atitudes, falas, gestos, olhares. Nosso comportamento como um todo, transmitido e entendido pelo outro, tem o intuito de envolver as crianças positivamente, mesmo quando for necessário lidar com frustrações, contrariações e conflitos.
Educação humanizadora
Ao conhecer suas realidades, seus gostos e desgostos, vamos construindo uma percepção mais aprofundada sobre as crianças e assim, com essa relação de proximidade e confiança, proporcionamos/incentivamos o desejo e a disposição para que ocorra o processo de aprendizagem.
Nós, professores, precisamos assumir nosso papel com uma postura crítica e ética, buscando sempre caminhos e oportunidades significativas, nos quais favorecem a aprendizagem, respeitando e acolhendo a subjetividade, incentivando as relações, a reflexão, a criatividade, a parceria e a troca entre os pares, favorecendo e valorizando os conhecimentos prévios e a história de cada um.
Em resumo, o afeto dentro da escola propicia uma educação mais plena e humanizadora.
“…A afetividade constitui um papel fundamental na formação da inteligência, de forma a determinar os interesses e necessidades individuais do indivíduo. Atribui-se às emoções um papel primordial na formação da vida psíquica, um elo entre o social e o orgânico” – Henri Wallon