Dois anos depois das atividades interrompidas por conta da Pandemia, 70 estudantes e ex-alunos viajam para o Vale do Ribeira e vivem novas experiências com a comunidade local.
Autoria: Colégio Santa Maria
Dia 28 de agosto foi comemorado o Dia do Voluntariado, data instituída há 37 anos aqui no Brasil. Tradição no Santa Maria desde as séries iniciais, o trabalho voluntário nos últimos dois anos não pôde ser realizado da mesma forma, envolvendo crianças e jovens estudantes com a comunidade do entorno e de outras regiões do Estado e do país. A pandemia desacelerou as ações que permitiam o contato dos nossos alunos e alunas com crianças que vivem em um outro contexto. Mesmo assim, o voluntariado on-line permitiu a manutenção do trabalho, ainda que não fosse o ideal. “Nós tivemos que encontrar mecanismos neste período para promover campanhas de conscientização durante as aulas. No auge da pandemia, arrecadamos doações por meio de um drive thru aqui na escola, que foram revertidas para os alunos da EJA”, explica o professor Caio Leite, de Ensino Religioso. A EJA é a Educação de Jovens e Adultos do CSM, que atende mais de 600 alunos gratuitamente.
Com o relaxamento das medidas restritivas e o retorno das atividades 100% presenciais, a tão esperada viagem ao Vale do Ribeira aconteceu no final de junho, com 70 estudantes, incluindo grupos do 9º ano, Ensino Médio e ex-alunos. As inscrições aconteceram no início do ano e houve lista de espera para a participação. Isso ocorreu porque, desde que os Cursos Livres foram iniciados no CSM, a Inserção Social passou a fazer parte da grade e, portanto, há limite de vagas.
“Nós fazemos com que os alunos percebam que colocar a mão na massa é uma ação mais valiosa do que as próprias arrecadações. Esse é o verdadeiro significado de ser voluntário”, diz o professor Jean Farias, de Ensino Religioso. As famílias dos alunos participantes também são muito receptivas às ações promovidas pelo Santa Maria. “Na reunião de pais do início do ano, nós divulgamos o projeto, o que desperta o interesse para que os filhos façam parte dos grupos de voluntariado”, explica o educador.
A experiência prática no Vale do Ribeira
Foi um retorno e um reencontro emocionantes. Para quem não conhece o projeto, nossos alunos e alunas visitam escolas de diferentes comunidades da região do Vale do Ribeira, que é composta por 25 municípios do sul do Estado de São Paulo. Professores e coordenadores do CSM monitoram as atividades que são conduzidas pelos estudantes durante uma semana. Antes de partir para a viagem, eles são “treinados” nas aulas de Ensino Religioso para exercerem liderança e poderem conduzir as atividades de recreação e de esportes quando chegam às comunidades locais. “As crianças esperam os ´vermelhinhos´, que são os nossos alunos vestidos de camiseta vermelha. É uma experiência transformadora e uma ruptura drástica na percepção de mundo que os estudantes do CSM têm”, explica o professor Caio Leite.
Beatriz C. Sanches entrou este ano no Santa Maria, no 9º ano. Acostumada a praticar ações sociais com a família, ela se interessou pelos projetos do Colégio desde a sua chegada. No Vale do Ribeira, Beatriz se encantou pelo trabalho. Para chegar até a comunidade que ela atendeu, precisava pegar uma balsa. “Eram apenas cinco minutos para atravessar. Quando viam a balsa, as crianças corriam para chamar os amigos, de tanta alegria. Elas esperam o ano todo pra ter aquela semana de diversão e, por conta da pandemia, acho que elas estavam bem mais ansiosas” explica a estudante. “Achei que eu fosse ficar querendo voltar para casa, deitar na minha cama quentinha, mas na verdade eu queria ter ficado mais uma semana com as crianças”, diz.
Aluna da 3ª série do Ensino Médio, Fernanda Frochtengarten é veterana como voluntária no Santa Maria. Desde o 6º ano, ela foi engajada nas atividades, como visitas a instituições de acolhida de idosos e creches municipais. “Essas vivências sempre me fizeram entender o que é realmente voluntariado. Não é sobre ir e mudar a realidade de alguém como um salvador. Voluntariado não é uma autorrealização, é sobre conversar com as pessoas, conhecer o dia a dia delas, saber quais são as suas necessidades, e o que a gente pode fazer por elas, de acordo com essa realidade”, conclui a estudante, que também esteve no Vale do Ribeira.
A professora Mayra Lourenço, de História, levou 30 estudantes da 2ª e da 3ª série à viagem deste ano. Além das aulas de História no Santa Maria, Mayra leciona Inserção Social, unidade eletiva do Novo Ensino Médio. No Vale do Ribeira, a vivência entre os próprios alunos e alunas de diferentes turmas é algo muito positivo para o projeto. “A gente aprende sobre comportamento, como lidar com as crianças, como abordá-las, a importância de tratá-las como cidadãs”, relata Mayra, que está há cinco anos à frente do trabalho social com as turmas.
Como alunos e alunas têm aula em período integral nas três séries e não podem ir pessoalmente às instituições, Mayra organiza campanhas, como por exemplo, a de arrecadação de tampinhas e lacres para a Eco Patas – uma ONG que faz castração de animais abandonados – outra de doação de cobertores que ela própria faz a distribuição para pessoas em situação de rua. “Eu sempre gostei de ação voluntária e de sair da bolha, tentar conhecer o mundo através do contato com as pessoas e de ouvi-las”, explica a educadora.
Erik Schwandner, 18 anos, é um dos ex-alunos que estiveram no Vale do Ribeira esse ano. Ele começou a ter os primeiros contatos com projeto social no Santa Maria, no 5º ano do Ensino Fundamental. A partir do 6º ano, Erik participava das visitas a idosos em situação de abandono, pessoas com deficiência, entre outras ações que já faziam parte do cronograma de atividades de voluntariado do Colégio. No Vale do Ribeira, ele se lembra de muitos momentos especiais, como o encontro com uma mãe que tinha perdido o filho havia pouco tempo. Erik era muito novo, tinha apenas 14 para 15 anos, mas a emoção de ter confortado aquela mãe com um abraço e uma palavra de afeto, e depois receber a notícia de que ela tinha saído de uma depressão, fez uma grande diferença na vida dele. “É isso que me motiva a continuar fazendo parte deste projeto. Quando chego no Vale, eu tenho a mesma sensação de quando tive essa experiência no passado. As crianças ficam muito animadas para encontrar com a gente, chamam os voluntários pelo nome”, conta.
Mensagem da Coordenação