Na unidade eletiva Investigação Criminal – Fundamentos de Química Forense, os alunos do Ensino Médio exploram a relação entre Ciência e Investigação.
Autoria: Thiago Lopes – Professor de Química da 2ª série do Ensino Médio e da unidade eletiva Investigação Criminal do Colégio Santa Maria
Criada a partir de algumas aulas-piloto dentro de um curso de Química experimental, oferecido em 2022 no Colégio Santa Maria, a eletiva Investigação Criminal – Fundamentos de Química Forense, voltada para estudantes do Ensino Médio, representa uma oportunidade única para os alunos explorarem a fascinante intersecção entre a química e a investigação criminal.
O curso proporciona uma imersão no fascinante universo da Química Forense, um campo onde a precisão atômica e molecular se encontra com a busca pela verdade, sendo uma porta de entrada para entender como a química se torna a espinha dorsal da investigação criminal, revelando detalhes cruciais que muitas vezes escapam ao olhar desatento.
Um dos temas abordados é a base de muitas identificações: as impressões digitais. Longe de serem apenas desenhos aleatórios na ponta dos dedos, elas são formadas por secreções complexas, principalmente água, sais (como cloreto de sódio), aminoácidos, lipídios e ureia. No curso, é explorada a química dessas substâncias e como diferentes técnicas de revelação exploram suas propriedades. Algumas técnicas são abordadas, tais como o uso de pós finos, como grafite em pó, que adere aos resíduos oleosos, tornando as impressões visíveis em superfícies não porosas; o uso de soluções como a de nitrato de prata, que reage com o cloreto de sódio presente no suor, formando cloreto de prata, que se torna escuro sob luz ultravioleta, dentre outros.
Em seguida, abordamos uma das técnicas empregadas para identificação de sangue oculto. Mesmo após uma limpeza meticulosa, traços microscópicos de sangue podem persistir. É aí que a química do Luminol entra em cena, uma reação química que libera energia na forma de luz azulada – um fenômeno conhecido como quimiluminescência – revelando a presença de sangue.
Outra técnica a ser aplicada é o Teste de Kastle-Meyer, na qual utiliza-se o reagente de Kastle-Meyer (fenolftaleína) e peróxido de hidrogênio. Se houver sangue presente, a atividade catalítica da enzima peroxidase, também presente na hemoglobina, acelera a oxidação da fenolftaleína, produzindo uma intensa coloração rosa.
A identificação através da análise de DNA revolucionou a ciência forense. No curso, entendemos os princípios químicos da extração do DNA por meio de amostra biológica (saliva), utilizando métodos que envolvem a lise celular (ruptura das células), separação do DNA de outras biomoléculas (proteínas, lipídios, RNA) através de processos como a precipitação com álcool e a purificação. Abordamos as estruturas químicas da estrutura do DNA, seus nucleotídeos (adenina, guanina, citosina e timina) e como a análise de polimorfismos de DNA, como os microssatélites (STRs) – regiões com sequências repetitivas que variam em número entre indivíduos – gera um perfil genético único, a “impressão digital” genética utilizada para identificação.
Finalmente, apresentamos no curso o intrigante mundo da análise de drogas com o Teste de Scott. Este teste sequencial é clássico na identificação presuntiva de cocaína. Obviamente o teste é feito com simulacros (substâncias que simularão os reagentes reais e a amostra de cocaína).
Esta eletiva é um convite para explorar a química em sua faceta mais aplicada e emocionante. Através de experimentos práticos simulados, análise de casos reais e discussões aprofundadas, os estudantes têm a oportunidade de desenvolver um olhar crítico e analítico, compreendendo o papel crucial da química na elucidação de crimes e na busca pela justiça.


















