Ensino Médio, Eu Professor

Um caminho para a Arte na Escola

Em um relato pessoal, a professora de Teatro do Ensino Médio, Rita Pisano, faz uma reflexão sobre a prática artística como um campo de conhecimento, repertório e referência para os nossos estudantes.

 Autoria: Rita Pisano – Professora de Teatro e Criação Artística do Ensino Médio

“Parece que as asas sabem mais sobre as direções da alma que nossos pensamentos.”  Rubem Alves

A educação e as artes – em especial o teatro – sempre caminharam juntas na minha formação acadêmica e no meu desejo de prática profissional. Foi a fricção entre o desejo e a paixão que habitavam o lugar das produções artísticas, e a vontade de interlocução com minha atuação em sala de aula, que determinou o caminho que percorri e os pensamentos que venho construindo sobre a experiência artística dentro da escola.

Analisando trabalhos retroativos na minha trajetória com os alunos do Ensino Médio do Colégio Santa Maria, percebo que algumas das minhas conduções como professora de Teatro e Criação Artística, me colocaram numa condição extremamente criativa; da mesma forma que observei que os estudantes, em algumas das práticas artísticas propostas em aula, desenvolveram experiências autênticas e profundas.

Essa observação me faz pensar que o ponto para a conexão entre as propostas por mim apresentadas e seu desenvolvimento estão relacionados aos espaços (físicos e abstratos) que são criados cotidianamente, e às maneiras como as atividadesafetam” os participantes. Aqui uso o verbo afetar em sentido amplo, referindo-me à capacidade de um tema ou estratégia “conversar” intimamente com cada um, de modo singular.

Durante esse percurso de observação, ouvi muitas vezes dos estudantes sobre a liberdade que existe nas aulas de Teatro e Criação Artística e de como essa liberdade é assustadora e difícil. Percebi então que a resiliência dos estudantes, assim como a minha, em permanecer nesse espaço de liberdade e vazio, próprio da criação – na mesma medida bom e ruim – é o que permite que o exercício do “fazer artístico” se torne mais importante do que qualquer conteúdo programático.

Entendi então que a prática artística, em si, é um campo de conhecimento, repertório e referência que forma os estudantes, estimulando-os a desenvolverem um diálogo entre o que querem expressar, as materialidades, o espaço, o que sentem e imaginam e, por fim, o olhar do outro.

Tento criar com os estudantes aqui no Ensino Médio, outros espaços dentro desse já estabelecido; espaços internos e subjetivos que possibilitem o “salto” de cada um na experiência do fazer artístico, acreditando, como a educadora Bell Hooks, que a educação aumenta nossa capacidade de sermos livres.

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