Ensino Médio

Desastres naturais: os terremotos a partir de uma análise socioambiental

Curso Meio Ambiente em Foco, do itinerário de Humanas do Novo Ensino Médio, coloca no centro do debate as recentes tragédias da Turquia e da Síria

Autoria: Adriano Skoda – professor de Geografia e dos cursos Meio Ambiente em Foco, Projeto de Ação Político-Pedagógico e Paisagem no Cotidiano

A relação “sociedade-natureza” tem sido amplamente discutida ao longo dos últimos anos por conta das mudanças climáticas, dos desastres socioambientais, do avanço desenfreado na busca por recursos naturais, e da crescente poluição. Estes temas urgentes na sociedade têm adquirido centralidade dentro do Novo Ensino Médio do Colégio Santa Maria.

Na primeira série do Ensino Médio, a voz de Ailton Krenak, através do livro A Vida não é útil, ressoa de maneira interdisciplinar através de diferentes componentes curriculares. Nos itinerários de áreas o tema volta a estar no centro da discussão. Como identificar as mudanças naturais que estão ocorrendo no planeta? Quais delas estão diretamente relacionadas à ação humana? O que podemos aprender com aquelas pessoas que dedicaram suas vidas a pesquisar as transformações na natureza? Partimos com estas perguntas para iniciar o curso Meio Ambiente em Foco, no itinerário de Humanas da 1ª série.

O desafio “didático-pedagógico” é mobilizar a atenção e desejo dos estudantes para o tema. Como fazer isso? Trazer a realidade para ser discutida em sala de aula é sempre uma estratégia que abre espaço para o interesse e vínculo no tema. Assim, a tragédia ocorrida no dia 6 de fevereiro na Turquia e na Síria a partir de uma sequência de terremotos que deixou mais de 50.000 mortos, tomou o noticiário e inevitavelmente se tornou conteúdo didático. A pergunta levantada após reportagens e vídeos era: o que é natural e o que foi causa humana na tragédia turca? Ainda que para os turcos, uma das regiões do planeta mais afetada anualmente por terremotos, “geografia é destino”, refletir sobre a magnitude do evento e se havia algo que poderia ter sido feito para evitar tal destruição é inevitável, principalmente quando comparamos este evento a outras tragédias com maior potencial destrutivo, como os eventos de Fukushima em 2011, em que o terremoto foi seguido por tsunami e um desastre nuclear.

Apesar da “tempestade perfeita” ocorrida em Fukushima, a quantidade de mortos foi proporcionalmente muito menor e a infraestrutura urbana sofreu abalos menores do que na Turquia. Assim, ainda que os eventos tenham causas naturais, a partir da movimentação das placas tectônicas, os impactos sociais estão diretamente relacionados a ações humanas, seja nas características arquitetônicas das cidades, nos alertas de desastre emitido pelos governos, no treinamento da população para enfrentar a tragédia ou ainda nas ações de solidariedade para a reconstrução da vida das pessoas afetadas pelos eventos. Analisar os elementos da geografia física e estabelecer pontes com a geografia urbana se torna algo mais dinâmico quando observamos um evento e concebemos a análise deste a partir de uma análise sistêmica.

Assim, o desafio de pensar a relação sociedade-natureza em sala de aula se mostra atual e indispensável para compreender os desafios climáticos colocados para nós em pleno século XXI. O desafio que trazemos para reflexão com os estudantes é saber se conseguiremos prever quando os próximos eventos irão ocorrer e, principalmente, como estamos nos preparando em diferentes contextos para as mudanças em curso. Construir um conhecimento implicado e eticamente responsável é um dos desafios da educação hoje.

**Imagem acima meramente ilustrativa. Fonte: Freepik

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