Educação Infantil

O que tem dentro da sua fralda?

Depois da volta às aulas, o desafio com os pequenos que usam fralda é grande, sobretudo após um mês inteiro de férias em casa.

Autoria: Mariana Santiago – Professora do Infantil

O processo de desfralde é um momento significativo no desenvolvimento da autonomia da criança. Trata-se de uma fase de descobertas, curiosidades, especialmente do corpo e do controle que a criança pode ter sobre ele.
É nessa hora que começam os questionamentos das famílias: como tirar a fralda de uma forma tranquila? Qual é a idade certa para iniciar o desfralde? E os escapes? Como lidar com eles?

O momento ideal para iniciar o processo é quando a criança dá sinais, como, por exemplo: ela diz que quer usar o “peniquinho”, avisa que fez cocô, retira a fralda sozinha e vai ao banheiro, ou diz: “mamãe, fiz xixi no banheiro igual a minha amiguinha Lívia!”

Começamos a perceber essa curiosidade e interesse quando começam a verbalizar que, mesmo limpa, a fralda está incomodando, quando querem acompanhar os pais, os amigos (no ambiente escolar) ao banheiro e quando começam a pedir para ir ao banheiro olhar o vaso (mesmo estando de fralda).

É nessa hora que aproveitamos para conversar, incentivar e estimular o interesse sobre o assunto, explicamos como as crianças podem fazer, oferecemos o penico ou assento redutor para adaptar os vasos de acordo com a faixa etária.

O desfralde precisa ser um momento leve e divertido para que a criança se sinta estimulada e confiante. No ambiente familiar e escolar, a literatura infantil é uma super aliada, pois através da leitura e de momentos lúdicos, a criança consegue fazer associações e trazer para a realidade situações vividas em cada aventura dos personagens.

 

Na história, por exemplo, “O que tem dentro da sua fralda?”, de Guido Van Genechten, o ratinho é bem curioso e quer olhar dentro da fralda de todos os amigos. Quando surpresos, percebem que o ratinho usou o penico, estimulando os amigos a usarem também.

Em relação aos “escapes”, com carinho e diálogo, falamos aqui na escola que algumas vezes isso acontece e…tudo bem! Mas, que das próximas vezes, tentaremos chegar ao banheiro ou ao penico para fazer, e que aquela menina ou aquele menino não precisa ficar triste/chateado com o ocorrido.

Para auxiliar ainda mais, é importante sugerirmos as idas frequentes ao banheiro, mesmo que a criança não fale que está com vontade, pois ela ainda está aprendendo a controlar a musculatura do *esfíncter e, nos momentos que estão interessadas por alguma atividade ou brincadeira, não conseguem segurar.

Como dizia a médica pediatra *Emmy Pikler, o desfralde é um momento afetivo e repleto de cuidado, por isso, precisamos zelar para que sejam ocasiões onde a criança converse com o adulto, cante, brinque, se sinta cuidada, respeitada e querida. Afinal, é a criança que deixa fralda e não nós, adultos que o tiramos.

 Saiba Mais:

O esfíncter urinário, parte mais baixa da bexiga, é rodeado por um músculo que permanece contraído para manter fechado o canal que transporta a urina para o exterior do corpo (a uretra), de forma que a urina fique retida na bexiga até estar cheia.

*Emmy Pikler foi uma pediatra austríaca que realizou seu trabalho profissional na Hungria. A médica trabalhou como pediatra da família e foi diretora de uma instituição de acolhida a crianças órfãs e abandonadas.

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