Metodologias Ativas

Uma aventura entre piratas

A construção de personagens e a pesquisa em História permearam um projeto rico em aprendizagens e que mobiliza essa geração de estudantes.

Autoria: Lucas Tadeu Marchezin, professor de História do 7º ano do Ensino Fundamental do Colégio Santa Maria.

Ao estudarmos História, muitas vezes nos perguntamos como seria viver em uma época diferente, assumir o papel de figuras históricas importantes ou de participar de momentos decisivos. Quem nunca sonhou em ser outra pessoa, em se imaginar perambulando por outras eras e lugares?

Livros, filmes, séries e games muitas vezes atiçam a nossa imaginação. Sobretudo se pensarmos nos piratas da Idade Moderna que navegavam pelo mar do Caribe e Atlântico Sul, entre os séculos XVII e XVIII. Desde que Robert Louis Stevenson publicou, em 1883, seu célebre livro A ilha do tesouro, esses personagens históricos têm povoado a mente do público adulto e infantojuvenil.

Eduard Teach, o Barba Negra, Black Sam Bellamy e Anne Bonny são alguns exemplos reais de piratas que ajudaram a forjar o imaginário sobre essas figuras históricas. O que poucas pessoas sabem é que a pirataria teve um papel fundamental nas disputas coloniais entre as potências europeias, sendo esses homens e mulheres fundamentais, em um primeiro momento, para a conquista e colonização de territórios ingleses, franceses e holandeses na América, quase que exclusivamente dominada, entre o final do século XV e início do século XVI, por Portugal e Espanha.

O que fizemos com isso em sala de aula

A ideia do projeto Personagens Históricos do 7º ano do Colégio Santa Maria surgiu, justamente, da tentativa de conciliar o desejo de vivenciar as experiências históricas com a pesquisa e o estudo sobre a Idade Moderna. Uma forma de trabalhar, de maneira lúdica, conceitos como economia, mundo, mercantilismo, assim como processo de formação dos impérios coloniais e as disputas pelos mares do Caribe e do Atlântico Sul.

Mas como fazer isso? A solução encontrada foi lançar mão das técnicas de construção de personagens dos jogos de RPG (Role-Playing Game), ou se quiser, jogo de interpretação de papéis. Embora esse termo seja empregado para denominar uma vasta gama de jogos, como games, de carta e tabuleiro, trata-se basicamente de um tipo em que os participantes criam e interpretam personagens dentro de uma determinada história.

Assim, em uma primeira etapa, os alunos montaram a ficha da personagem indicando, a partir de regras preestabelecidas, as características gerais (nome, país de nascimento, idade e gênero), os atributos (força, destreza, inteligências e constituição), os pontos de vista e suas habilidades.

Feito isso, na segunda etapa, buscaram realizar uma pesquisa sobre o processo de centralização política do local de nascimento escolhido, considerando que podiam optar entre Portugal, Espanha, Inglaterra, França e Holanda, assim como sobre os impactos da Reforma e Contrarreforma nesse local e das Grandes Navegações. A escolha desses conteúdos não se deu de maneira aleatória, pois compunham o rol de temas abordados no 3° bimestre, momento em que esse projeto foi realizado.

Por fim, na terceira etapa, as turmas construíram a história da vida dessa personagem, articulando os elementos da ficha feita na primeira etapa com as informações sobre o contexto histórico levantadas na segunda. Para mapear de que maneira os alunos do 7° ano receberam esse projeto, entrevistamos quatro deles: Maria Clara Brito Martins (7° B), Thiago Celescueki Zimmerman (7° D), Ana Maria Pateo Bezerril e Isabella de Benedictis Araujo e Silva (7° F). Vamos ouvi-los.

 

Mas essa articulação entre processo criativo e pesquisa histórica não estaria completa sem o jogo em si. Afinal, como dissemos no início deste texto, um dos aspectos que nos atrai no estudo de História é justamente imaginar como seria viver em outra época, ser uma personagem em um contexto diferente. Por isso, como fechamento do curso de História do 7° ano, estão programadas para a semana de 6 a 10 de dezembro três aulas dedicadas, exclusivamente, para jogar uma aventura de RPG.

Assim, os alunos poderão interpretar as personagens criadas no 3° bimestre e ao mesmo tempo experimentar, dentro da aventura, uma série de situações ligadas ao contexto histórico trabalhado no 4° bimestre. Enquanto esse momento não chega, que tal ouvirmos as histórias das personagens criadas pelos nossos quatro entrevistados?

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