A aprendizagem significativa na Educação Infantil nasce da escuta atenta, da observação participativa e de projetos construídos a partir da curiosidade e do protagonismo das crianças.
Autoria: Renata Enomoto – Professora do Jardim II e Eliane Lima – Coordenadora da Educação Infantil do Colégio Santa Maria
A aprendizagem significativa para crianças pequenas floresce quando o aprender se veste de encanto se conecta com o palpável mundo ao redor. Imagine uma criança explorando gravetos de árvore, comparando-os com ossos de lobo, observando as cores vibrantes de um arco-íris, as tramas de uma teia de aranha… Nesses momentos, o aprendizado se ancora na vivência, despertando a curiosidade natural e a vontade de compreender o porquê das coisas, tecendo o conhecimento em uma trama de experiências sensoriais, afetivas e lúdicas.
O professor, com um olhar atento e uma escuta sensível, capta indícios autênticos nas falas, gestos e brincadeiras das crianças. É nesse entrelaçar de escuta e observação que o projeto ganha forma, germinando a partir das interações, das trocas e das construções coletivas que emergem das propostas e ambientações provocadas pelos educadores.
A gramática dos projetos começa com dois verbos essenciais à prática pedagógica: observar e escutar. São verbos de ação, que indicam movimento e presença atenta do educador. Observar e escutar são atos essenciais de uma pedagogia que reconhece a criança como sujeito potente, ativo e autor de seu próprio processo de aprendizagem.
Nesse contexto, as crianças, como protagonistas de suas trajetórias, constroem um percurso de marcas e saberes atravessados pelo encantamento e rigor. Como dizia o pedagogo e psicólogo italiano Loris Malaguzzi, “a criança possui cem linguagens” e todas elas são legítimas para expressar o pensamento, a emoção e a criatividade. Por isso, precisamos estar dispostos a escutar essas linguagens com sensibilidade e intencionalidade, oportunizando boas situações de aprendizagem.
Nesse percurso, nosso papel é de mediador, aquele que encoraja, provoca, acompanha e documenta. A interação com os pares e com os adultos qualifica o processo de investigação e aprendizagem, pois permite que as crianças compartilhem descobertas, expressem dúvidas, escutem diferentes perspectivas e ampliem sua compreensão de mundo.
Como diz a educadora Maria Alice Proença, o papel do “educador-formador” se alicerça no compromisso com práticas formativas que valorizam a escuta ativa e o trabalho colaborativo. É nesse chão coletivo que as experiências ganham sentido e favorecem a construção de conhecimentos autorais e contextualizados. A gramática dos projetos, nesse sentido, é também uma gramática da formação continuada da criança e do professor, que aprende com e nas relações.
Por fim, a gramática dos projetos é, portanto, uma linguagem viva, uma pedagogia da escuta profunda, da investigação apaixonada, da colaboração significativa e da documentação reflexiva. É uma forma de conceber a Educação Infantil como uma construção, uma jornada de exploração ativa, onde a criança é colocada no centro do processo de aprendizagem.

















