Filme O Extraordinário permitiu uma reflexão didática sobre o tema
Autoria: Jean Farias – Professor de Ensino Religioso
Nas palavras da aluna Isadora Godini Azevedo, “o projeto E se fosse você? tem o propósito de incentivar as pessoas a não praticarem o bullying e, assim, cada vez mais o mundo vai se tornar livre para pensar, falar e expressar a forma que elas se imaginam”.
O Programa de Combate à Intimidação Sistemática (Bullying), instituído na Lei Nº 13.185, de 06 de novembro de 2015, “considera intimidação sistemática todo ato de violência – física ou psicológica – intencional e repetitivo que ocorre sem motivação evidente, praticado por indivíduo ou grupo, contra uma ou mais pessoas, com o objetivo de intimidá-la ou agredi-la, causando dor e angústia à vítima, em uma relação de desequilíbrio de poder entre as partes envolvidas”.
Dentre os objetivos do programa está a prevenção e o combate à prática do bullying em toda a sociedade, a instituição de práticas de conduta e orientação de pais e responsáveis sobre os possíveis agressores, a integração dos meios de comunicação à escola como forma de prevenção e combate; a promoção da cidadania, a capacidade empática e o respeito a terceiros no fomento de uma cultura de paz e tolerância mútua. E a responsabilidade das instituições de ensino é assegurar medidas de conscientização, prevenção e combate ao bullying.
A partir desses pressupostos, propusemos aos alunos dos 6os anos, na disciplina de Ensino Religioso, processos reflexivos, de compartilhamento de conhecimento e informações, a partir do projeto E se fosse você?. Com o objetivo de orientar os alunos sobre as possíveis causas e consequências do bullying, visando uma mudança de comportamento a partir de uma postura de respeito, o projeto possibilitou aos meninos e meninas um diálogo sobre valores, comportamentos e a relação com seus colegas.
O bullying em todas as suas formas
Começamos o trabalho compreendendo os três “atores” envolvidos na ação: o agressor, a vítima e a testemunha. O agressor é caracterizado pela pessoa que ataca a outra de forma verbal (insultos, xingamentos), moral (difamação, calúnia), sexual (assédio), social (isolar, ignorar), psicológica (amedrontar, intimidar, chantagear), física (chutar, bater), material (furtar, destruir pertences) e virtual (mensagens intrusivas, constrangedoras, entre outras). Já a vítima é caracterizada por uma pessoa que está numa situação vulnerável devido ao seu modo de agir, de se vestir, de falar, de brincar, de ser, entre outros. Por fim, a testemunha é aquela que presencia uma ação, não toma uma postura de respeito, de ética, de altruísmo, e consente com a ação por meio de um sorriso, de um incentivo ou de uma participação como espectadora.
Dessa forma, constatamos que existem oito tipos de bullying, cujas consequências podem impactar a vida de outra pessoa a longo prazo. Para ilustrar melhor o que diz a Lei, as formas dessa prática, as consequências e os comportamentos que podem ser adotados como prevenção e combate, os alunos assistiram ao filme O Extraordinário. Foi uma maneira lúdica, leve e compreensível para fixarmos o conhecimento.
O filme, com cenas leves e até cômicas, possibilitou reflexões sobre temas complexos como inclusão, altruísmo, bullying, apoio da família, entre outros. Uma das formas sobre a importância da família é que durante todo o enredo, Auggie, personagem principal, conta com a presença e o apoio de seus pais que, mesmo com uma bagagem de sofrimento suficiente para saber que o mundo não será nada agradável com seu filho, se mantêm otimistas, mostrando que é possível (e necessário) enfrentar toda e qualquer barreira juntos.
Para além dos temas transversais, o centro dessa história está no bullying sofrido pela criança. No entanto, a história não retrata isso de forma pesada, pois possibilita uma reflexão sobre o tema até entre os próprios agressores. Essa é uma ótima oportunidade de introduzir o assunto e conversar com os alunos e com outras crianças sobre preconceito e ensiná-los a respeitar as diferenças.
Após assistirem ao filme, os alunos refletiram sobre o tema a partir de produções criativas em vídeo, sobre como promover um ambiente mais saudável e combater o bullying. Seguem dois exemplos do trabalho realizado.
“A propaganda foi muito agradável para se criar, pois além de conscientizar as pessoas, é uma maneira divertida e simples de explicar o que afeta tantas crianças. A produção e a gravação duraram por volta de cinco dias, e tivemos muita atenção na hora da edição, para deixar o trabalho o melhor possível”, relata o aluno Felipe Facioli. Os vídeos foram apresentados para os alunos dos 5os. anos, o que agregou ainda mais valor a esse projeto, pensando em integração, transmissão do conhecimento e compartilhamento de informações relevantes.
Com essa proposta, demos um passo a mais na construção de novos agentes de transformação social. Todos têm potencial para serem propagadores do respeito, da empatia e do cuidado com o próximo.