Autoria: Elizabeth Nishiyama , professora da Educação Infantil do Colégio Santa Maria
Para Elvira Souza Lima, a imaginação é parte integrante do processo de aprendizagem e desenvolvimento da função simbólica, porque aprender significa ser capaz de estabelecer conexões entre informações, construindo significado a partir das experiências que a pessoa constrói na vida cotidiana.
Neste sentido, é fundamental que o adulto comunique às crianças sua intenção em cada atitude, sendo modelo em falas e gestos. Dessa maneira, a criança expressa sua compreensão da vida por meio da função simbólica, a capacidade de fazer representações mentais através dos papeis sociais que exercita e das interações nos diferentes contextos. Papeis representados no brincar, imaginar, interagir e na capacidade de usar símbolos e representações mentais com significado.
Assim, na Educação Infantil do Colégio Santa Maria, com a intenção de desenvolver a imaginação e autonomia da criança, oferecemos materiais potentes e próprios da vida cotidiana para que exercitem no brincar e no jogo simbólico percepções e fazeres da vida adulta, compreendendo papéis sociais de seus pais, avós, tios etc. Exploram kits da vida prática como: médico, veterinário, construtor, cozinheiro, professor, cabelereiro, biólogo, papai, mamãe, além de explorarem materiais de amplo alcance como elementos da natureza: gravetos, folhas, pedras, areia, toquinhos, pinhas…
“É por intermédio do adulto que a criança se envolve em suas atividades. Absolutamente, tudo no comportamento da criança está fundido, enraizado no social. Assim, as relações da criança com a realidade são, desde o início, relações sociais. (Vygotsky apud IVIC, 2010, p. 16).
Outro fator importante para a função simbólica é o tempo para a criança viver o brincar, imaginar, explorar, vivenciar, interagir. Tempo de duração da atividade e tempo para amadurecimento biológico do corpo e do cérebro para que a realize a brincadeira. Neste viés, cada criança tem o seu tempo de amadurecimento para aprender a subir, descer, saltar, escalar, pular… Tempo para seu corpo viver e ler o mundo, por meio de gestos do brincar, de liberdade para brincar com autonomia, iniciativa, protagonismo e sem interrupção.
O espaço também é fundamental para o desenvolvimento função simbólica, espaços planejados pelos professores como convites, onde anuncia a brincadeira de casinha, farmácia, supermercado, pet shop etc. Além das importantíssimas cirandas de roda, musicais, danças e brincadeiras folclóricas a fim de proporcionar conhecimento e ampliação do acervo cultural e a formação de boas memórias.
Por isso, acreditamos que tempo, espaço, seleção criteriosa de materiais e práticas culturais são possibilidades potentes para promover experiências e interações que respeitam a infância e contribuam para que a criança desenvolva a capacidade de usar símbolos e representações mentais com significados.
“As práticas culturais da infância têm a função de formar estruturas na memória da criança, bem como, através do exercício da função simbólica, acumular acervos de memória necessários para a formação da pessoa, sua identidade e sua inserção no meio social. Paralelamente, as vivências culturais constituem possibilidades de exercícios da imaginação e, muitas vezes, da realização de ações criativas. Inserem-se aí as festas, os rituais, as celebrações, os festivais”. (LIMA, 2012. P. 4).